O jornal digital Coimbra Coolectiva desafiou a cidade a pensar a futura estação intermodal e a zona envolvente, tendo recolhido mais de 150 participações, mas no âmbito da iniciativa não foi possível ultrapassar divergências em torno de uma nova ponte.
A perspectiva de uma estação intermodal em Coimbra e a reconfiguração urbana de toda a zona envolvente, no âmbito do projeto da alta velocidade, levou a Coimbra Coolectiva a lançar um projeto de consulta à comunidade e uma oficina de ‘geodesign’ para envolver os cidadãos naquele processo.
“O tema exigia a nossa maior atenção”, afirmou hoje Joana Araújo, da Coimbra Coolectiva, na apresentação pública dos resultados, salientando que o futuro Plano de Pormenor da Estação Intermodal de Coimbra (PPEIC), cujo estudo está a ser desenhado pelo arquiteto catalão Joan Busquets, implica “uma transformação profunda em Coimbra e com um enorme impacto na maneira” como se irá viver a cidade.
Nesse sentido, o jornal local abriu um processo de consulta à comunidade, aberto durante 20 dias, em que qualquer cidadão poderia preencher um questionário geolocalizado e propor intervenções num mapa da zona a ser intervencionada.
Desse processo, foram recolhidas mais de 150 propostas que foram depois trabalhadas e integradas na construção de um programa para a renovação da zona norte da cidade de Coimbra, em colaboração com o urbanista Nuno Pinto, da Universidade de Manchester, e Hrishikesh Ballal, criador do Geodesing Hub, ferramenta colaborativa para a discussão de políticas urbanas.
No sábado, as propostas foram discutidas numa oficina, criaram-se quatro grupos de participantes, em que se incluam cidadãos em nome individual, associações, empresas e outros agentes da cidade, com o objetivo de formularem quatro propostas que acabassem por convergir numa única.
Entre os dois grupos finais (dos quatro iniciais) houve convergência em torno de questões como a defesa de um contínuo verde entre o Vale de Coselhas e a Mata Nacional do Choupal, e um contínuo urbano entre a Baixa, Monte Formoso e Loreto (próximo da futura estação) e demolição dos viadutos do IC2 sobre a rua do Padrão, afirmou Nuno Pinto, durante a apresentação que decorreu hoje.
Os dois grupos defenderam também a construção de habitação acessível na zona a ser intervencionada, foco em modos suaves de mobilidade, criação de zonas 30 (máximo de 30 quilómetros por hora) e reserva de solo para um centro comunitário em Coimbra-A (Estação Nova) e para um centro cultural na rua de Aveiro, contou o especialista em planeamento urbano.
No entanto, os dois grupos não conseguiram convergir quanto a uma solução para o IC2, com um deles a defender uma nova ponte sobre o Mondego e outro um túnel através do Monte Formoso, constatou.
Para o especialista, esta divisão “ilustra o debate que decorre na cidade”, considerando que o próprio modelo de participação promovido pela Coimbra Coolectiva poderia ser replicado como modelo para o futuro no concelho.
Na sessão, a vereadora com o pelouro do urbanismo da Câmara de Coimbra, Ana Bastos, que felicitou o jornal pela iniciativa, realçou que o próprio município tem procurado promover a participação pública, nomeadamente no âmbito do PPEIC.
Ana Bastos congratulou-se ainda com o facto de os princípios que resultam da iniciativa da Coimbra Coolectiva chegarem “à mesma conclusão” que a base da proposta do município e Joan Busquets para a futura estação intermodal.