O presidente da Câmara de Oliveira do Hospital, José Francisco Rolo, lamenta que a Irsil-Silva&Irmãos, uma fábrica de confecções com cerca de 60 anos, tenha pedido a insolvência, deixando cerca de 190 trabalhadores em situação de desemprego.
“Infelizmente a Irsil está insolvente, sendo este um drama social para o qual a Câmara está de portas abertas para ajudar a encontrar soluções. Este é um desfecho que lamentamos, depois de todo o acompanhamento e empenho que tivemos no último ano, colocando-nos do lado da solução, para que a empresa tivesse continuidade”, alegou.
Em declarações à agência Lusa, o autarca socialista explicou que no último ano acompanhou “a par e passo” o Processo Especial de Revitalização (PER) da empresa, tendo chegado a reunir com os empresários, sindicato e a antiga ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho.
“Esta é uma empresa histórica, de um sector predominante do concelho que é o das confecções e que atravessa grandes dificuldades. Solidarizamo-nos com os seus trabalhadores neste momento difícil das suas vidas e com quem já tive a oportunidade de reunir”, acrescentou.
De acordo com José Francisco Rolo, este é um sector para o qual vêm olhando com grande preocupação, que se vem agravando, e para o qual esperam que o novo governo olhe com especial atenção. “Nos próximos dias vamos enviar uma missiva ao novo governo a sensibilizar para as vulnerabilidades do sector dos têxteis e confecções”, avançou.
À Lusa, a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Têxteis, Lanifícios e Vestuário do Centro, Fátima Carvalho, lembrou que os problemas na Irsil eram visíveis há cerca de um ano, devido à “ausência de encomendas e de fundo maneio”.
“Encontravam-se em lay-off desde finais de Fevereiro, com os trabalhadores em casa. Na terça-feira a administração da fábrica mandou mensagem aos trabalhadores a dizer que se ia entregar à insolvência e que não tinha condições para continuar tendo-o feito por mensagem e não pessoalmente, o que deixou os trabalhadores bastante tristes”, lamentou.
Segundo a sindicalista, perdem o posto de trabalho quase 190 trabalhadores, maioritariamente mulheres, “algumas já com idade avançada”. “São velhas demais para arranjar novo emprego, mas novas demais para se reformarem. É muito mau para o concelho, numa zona maioritariamente têxtil: é a empresa mais antiga, com cerca de 60 anos e é muito mau para ser verdade”, indicou.
Na terça-feira, os trabalhadores da Irsil receberam um email assinado pelo adjunto administrativo Carlos Silva, onde se pode ler que a administração da fábrica de confecções “tomou a decisão mais difícil dos seus 60 anos, que é apresentar-se à insolvência”.
“Depois de ter esgotado todas as possibilidades de conseguir encomendas que pudessem sustentar a laboração nos próximos dois meses, lamentavelmente não foi possível. Levei as negociações até ao limite do que era razoável, mas infelizmente não foi possível”, evidencia.
A mensagem a que a Lusa teve acesso refere ainda que, analisando as perspetivas do mercado no futuro próximo e tendo em conta as condições financeiras, a empresa não vê possibilidades de continuidade. A agência Lusa contactou, sem sucesso, a administração da Irsil-Silva&Irmãos.