O envelhecimento da população está progredindo mais rapidamente nos países em desenvolvimento, inclusive naqueles que também apresentam uma grande população jovem, segundo o Fundo de População das Nações Unidas.
O envelhecimento é um triunfo do desenvolvimento e o aumento da longevidade é uma das maiores conquistas da humanidade. As pessoas vivem mais em razão de melhorias na nutrição, condições sanitárias, avanços da medicina, cuidados com a saúde, ensino e bem-estar económico.
A geração mais velha não é um grupo homogéneo, para o qual bastem políticas generalistas. Cada grupo de idosos precisa de programas e modelos de intervenção adequados a cada segmento.
Os governos nacionais e locais, organizações internacionais, comunidades e a sociedade civil devem investir no envelhecimento desde o nascimento, porque gera avanços concretos, com relação custo-benefício positiva.
Por exemplo, há quem considere que deveria existir uma Secretaria de Estado para as Pessoas Mais Velhas (o que reforçaria as medidas de política para o sector em causa, correspondendo a objectivos específicos), ou uma loja do cidadão para as pessoas mais velhas, inserida numa estrutura intergeracional que englobasse serviços de saúde transversais às famílias.
É preciso promover a realização pessoal das pessoas mais velhas, em saúde e bem-estar, lazer e perfil, com seus direitos e capacidades, sem infantilização nem degradação, e estimular a literacia e o empowerment das pessoas mais velhas, com conhecimento intemporal e aquisição de competências úteis para todas as gerações.
Respeito e dignidade
É imperioso abordar a longevidade e as potencialidades das novas tecnologias da comunicação, com ganho de esperança de vida, adequação das estruturas da sociedade e aplicação da inteligência artificial, e gerar a inclusão social e os direitos humanos, com sucesso e qualidade do sucesso, numa organização social baseada no respeito e dignidade da vida, promovendo advocacy (influenciação das políticas públicas), e combate à pobreza, em detrimento do lucro e denegação de direitos.
É urgente aplicar o Plano de Acção de Envelhecimento Activo e Saudável 2023-2026 em Portugal, atendendo à sua estratégia e incremento, criação de redes e qualidade de vida; à ponderação da economia solidária como forma de autogestão, redes de cooperação, comércio justo e consumo solidário; ao cuidado e adequação da “silver economy” em economia grisalha (não confundir com peste grisalha…), como sistema de produção, distribuição e consumo de bens e serviços que visa utilizar o potencial de compra das pessoas envelhecidas e satisfazer as necessidades de consumo para quem tenha poder aquisitivo elevado e esteja isento de cargas económicas.
Para o envelhecimento activo e saudável, é necessário implementar planos de protecção social que assegurem o rendimento económico e o acesso a serviços essenciais de atendimento à saúde e prestação social para todas as pessoas mais velhas, e assegurar uma rede de segurança que contribua para o adiamento da incapacitação e para a prevenção do empobrecimento na velhice.
Não há provas concretas de que o envelhecimento da população, em si, tenha prejudicado o desenvolvimento económico ou de que haja países que não disponham de recursos suficientes para garantir pensões e atendimento à saúde da população mais velha.
O envelhecimento populacional apresenta desafios para os governos e para a sociedade, mas não precisa ser visto como crise. Pode e deve ser planeado para transformar os desafios em oportunidades.
Inovar para viver, é a criação e o desenvolvimento de potencialidades das pessoas mais velhas, que torne a vida com atributos e características de maior capacitação, satisfação, fruição e longevidade digna e qualitativa.
(*) Médico