Coimbra  26 de Abril de 2025 | Director: Lino Vinhal

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Entrevista: Carlos Lopes e o futuro na Câmara de Coimbra

11 de Fevereiro 2024 Jornal Campeão: Entrevista: Carlos Lopes e o futuro na Câmara de Coimbra

Carlos Lopes, eleito pela Coligação “Juntos Somos Coimbra,” é vereador em regime de permanência, destacando-se nas áreas de Desporto, Ambiente, Clima, Energia e Sustentabilidade, Juventude, Protecção Civil, Bombeiros, Orçamento Participativo e Associativismo Desportivo e Juvenil. Licenciado em Geografia e pós-graduado em Ordenamento do Território e Desenvolvimento, Carlos Lopes traz consigo uma vasta formação, incluindo gestão ambiental e sistemas de informação geográfica. Com uma carreira que abrange desde a direcção no sector de aprovisionamento da Águas de Coimbra, E.M, até à presidência da Junta de Freguesia de Almedina, o vereador da Câmara de Coimbra exerceu funções políticas significativas, tendo sido presidente da Comissão Política Concelhia de Coimbra do PSD.

 

Campeão das Províncias [CP]: Sente-se bem no exercício das suas funções?

Carlos Lopes [CL]: Muito bem. Considero que faço parte de uma coligação que foi formada em circunstâncias desafiadoras. No momento da sua formação o próprio PSD, do qual faço parte, estava dividido, reflectindo diversas sensibilidades.

A coligação enfrentou momentos difíceis e a decisão de fazer parte desta equipa foi motivada pela convicção de que o PSD não deveria abandonar as linhas programáticas defendidas ao longo dos anos. Optei por participar nesta missão pública para garantir que o partido não desistisse da sua identidade e princípios fundamentais.

Tenho dedicado tempo e esforço à missão pública e o percurso que estou a seguir agora é uma continuação desse compromisso. Isso é gratificante tanto pessoal quanto profissionalmente e acredito que estou a trilhar o meu caminho de maneira satisfatória. Sinto-me realizado por contribuir para a promoção das ideias e valores que considero essenciais para o PSD e para a comunidade que represento.

 

[CP]: Tem sido muito dedicado às causas de Coimbra.

[CL]: Coimbra é um lugar especial que também me acolheu por isso estou a retribuir um pouco do que a cidade fez e continua a fazer por mim. No fundo, é uma relação de amor, um amor à primeira vista. Além disso, é verdade que aprecio muito o meu trabalho, gosto do que faço, do contacto com as pessoas e da proximidade. Enfim, é o contacto que nos permite estar em sintonia com a realidade das coisas e das pessoas, sentir o afecto das pessoas e assumir as responsabilidades sobre as áreas em que actuo.

 

[CP]: A Câmara prepara-se para ficar com a gestão do Estádio Municipal Cidade de Coimbra (EMCC), que planos há para rentabilizar aquele espaço?

[CL]: A intenção é optimizar a estrutura, considerando-a um activo valioso. A possibilidade de gestão directa pela Câmara está a ser considerada, mas também se está a avaliar a viabilidade de parcerias externas, para maximizar a rentabilidade desportiva e financeira. Não podemos descurar que se trata de uma infra-estrutura multifuncional e geradora de receitas, encontrando-se actualmente com 100% de ocupação.

Vejamos, por exemplo, a questão dos Concertos.  São importantes para Coimbra e um activo que temos de potenciar, sendo que também aqui há concorrência. Leiria está a preparar-se para ser uma concorrente directa. Temos de trabalhar até Julho para um novo Acordo de Utilização e encontrar os equilíbrios necessários, para o novo modelo de gestão.

Tudo deve ser avaliado em conjunto. No plano desportivo, temos Clubes e Entidades que necessitam do EMCC para desenvolverem a sua actividade. Conscientes disso, deverá o próximo Acordo de Utilização ser o mais abrangente possível, de forma a potenciarmos as capacidades do equipamento no seu todo.

Há outras modalidades, no caso o Rugby, cuja equipa da Secção da AAC disputa a 1ª Divisão Nacional, que neste momento jogam e treinam no Estádio Municipal de Taveiro e precisamos de criar rapidamente condições para que tenham um espaço próprio.

 

[CP]: A questão das árvores está mais pacífica?

[CL]: Existe um plano municipal de plantação arbórea para 2024. Não é exactamente da minha competência directa; o vereador Francisco Queirós é responsável pelos espaços verdes e partilha um pouco dessa responsabilidade com a vereadora Ana Bastos devido à questão do espaço público e do Metro Mondego. O plano está em andamento, a um bom ritmo. A ideia é plantar três árvores por cada uma que precisamos remover. Isso está a ser feito. Obviamente, ninguém gosta de ver árvores a serem cortadas.

 

[CP]: Outro pelouro que tutela é a protecção civil. Ao nível da segurança Coimbra pode estar sossegada?

[CL]: Foi um ano difícil. Desde o incêndio da Lugrade que foi terrível, mas é um motivo de orgulho termos os irmãos Lucas em Coimbra, que mesmo em condições difíceis, conseguiram aumentar o número de vendas de bacalhau. Tivemos muitas ocorrências, um incêndio florestal que poderia ter tido um desfecho pior nas Carvalhosas, onde tivemos 17 meios aéreos nas primeiras horas, o que foi determinante para controlar e não deixar progredir as chamas numa zona historicamente complexa.

Tivemos aqui os quatro concertos do Coldplay. As coisas funcionaram bem. Com o planeamento realizado e o esforço de todos, a protecção civil, os bombeiros, a limpeza urbana e o desporto, conseguimos assegurar um conjunto de trabalhos determinantes para o sucesso do(s) evento(s).

Quero destacar que todos os assistentes operacionais na área da limpeza urbana aceitaram trocar os turnos, e assim o Município não teve de pagar horas extraordinárias. Isso é motivo de orgulho para quem dirige. Foram exemplares em abnegação e profissionalismo. É uma nota de reconhecimento que quero deixar porque nunca é demais dizê-lo, referenciando também aquilo que foi o trabalho desenvolvido pela divisão do desporto na recuperação do relvado.

 

[CP]: E já tem perspectivas para o futuro da Câmara?

[CL]: O presidente da Câmara tem a intenção de concorrer a outro mandato. O programa eleitoral original previa dois mandatos. Estamos a trabalhar com base nessa perspectiva.

Quanto à questão de termos 8 anos de mandato, a nossa acção está focada nesse período. Acredito que é correcto avaliar o mandato como um todo, antes de tirar conclusões precipitadas, porque as circunstâncias políticas podem mudar rapidamente. As eventuais divergências são tratadas internamente, sem serem expostas publicamente. A temporalidade do mandato pode ser um factor que contribui para essa coesão. Pessoalmente, não tenho funções executivas no partido, sendo apenas um militante de base. Estou focado nas minhas responsabilidades como vereador e quando chegar ao final destes 8 anos, logo se verá.

 

[CP]: Como vereador da juventude, nota interesse por parte dos jovens às questões políticas?

[CL]: A participação dos jovens tem sido notável e crescente, reflectindo um interesse activo na esfera política local e nacional. Tem sido muito interessante ver que os jovens querem participar.

O envolvimento político manifesta-se através de eventos como os Conselhos Municipais da Juventude, tendo sido o último o mais participado de sempre. Tivemos a casa da cultura completamente cheia de jovens a falar sobre empreendedorismo e impostos.

A utilização das redes sociais não deve ser um fim, em si mesmo, na consciencialização política e cívica dos jovens. A disponibilidade para discutir temas relevantes e a adesão a iniciativas como as sessões de esclarecimentos proporcionadas pelo Município, têm-se revelado um importante fórum de participação e discussão.

Criámos uma divisão própria na Estrutura Orgânica da Câmara, dedicada exclusivamente às questões da Juventude, com o maior orçamento municipal de sempre.

 

[CP]: A Câmara agiu de forma adequada em relação ao TGV?

[CL]: As ocasiões em que as pessoas têm de se pronunciar são determinantes, não é verdade? A lei exige e bem que tenhamos períodos de audiência pública, normalmente com a duração de 30 dias, nos quais as entidades e indivíduos têm oportunidade de se manifestarem. Infelizmente a nossa experiência revela que poucos participam. A Câmara Municipal tomou uma decisão óbvia ao participar activamente em algo que é estruturante para a cidade. O trajecto do TGV é, sem dúvida, uma questão nacional. Coimbra não poderia deixar de participar e defender os interesses dos seus cidadãos.

 

[CP]: Que eventos desportivos estão previstos para Coimbra?

[CL]: É importante referir que os eventos desportivos criam dinâmicas económicas locais, as quais reforça o aumento da cadeia de valor, nomeadamente na hotelaria e restauração, não só no Concelho de Coimbra, mas também na Região.

Só para termos uma ideia em 2024, estão já calendarizados alguns eventos desportivos, dos quais destaco, a prova mundial de ciclismo UCI Grandfondo Coimbra Region, que ligará num contra relógio a cidade de Coimbra e Montemor-o-Velho, o primeiro campeonato do mundo de boccia em Portugal, a primeira etapa do circuito nacional de motonáutica, o meeting internacional de natação cidade de Coimbra, o campeonato da europa de triatlo, a taça do mundo de trampolins, a taça do mundo de parkour (ginástica de rua) ou o campeonato europeu de jujitsu.

Coimbra transformou-se numa das referências nacionais na organização de eventos desportivos, sendo considerado, actualmente, um dos destinos portugueses para a prática desportiva de alta competição e do turismo desportivo.

Entrevista: Lino Vinhal/ Joana Alvim

Publicada na edição do “Campeão” em papel de quinta-feira, dia 8 de Fevereiro de 2024