No mesmo dia em que posava para a fotografia, no Largo do Romal, junto a um prédio adquirido pelo Município em 2007 e só recentemente reabilitado para arrendamento a famílias carenciadas, o Presidente da Câmara levava à reunião do executivo municipal a proposta de venda de terrenos e imóveis propriedade da Câmara.
Conheço bem o prédio do Romal, porque fui eu que propus a sua compra pelo Município. Na época, a Câmara tinha uma política sistemática de intervenção nos imóveis degradados da Cidade, que levava à posse administrativa dos mesmos quando os proprietários não cumpriam as determinações de obras de reabilitação. Essa linha de ação levou a que muitos proprietários fizessem as obras a que eram obrigados e outros, como é o caso, preferiram vender à Câmara.
Espantosamente, a partir de 2009 essa política foi abandonada, até hoje. O Município limita-se a fazer vistorias e a emitir notificações, que os proprietários não cumprem e nada mais acontece. O “plano Marshall” é um bluff como tantos outros.
Pior. Do seu próprio património, a Câmara prefere vender terrenos e prédios do que construir ou recuperá-los e arrendar as frações resultantes a famílias necessitadas. O que está programado é construir um novo “Ingote” em Taveiro e lá se emprateleirarão duzentas e muitas famílias, longe das vistas e do coração dos autarcas.
Uma boa decisão de 2007 deu uma apetecível fotografia em 2024.
Resta saber qual a fotografia que resultará das más decisões de agora.
(*) Coordenador do movimento Cidadãos por Coimbra