As actividades do Estádio Cidade de Coimbra não relacionadas com o futebol profissional representaram um saldo positivo de 93 mil euros para a Associação Académica de Coimbra em 2022/2023, que registou 356 mil euros de receitas só em rendas.
A Associação Académica de Coimbra – Organismo Autónomo de Futebol (AAC/OAF), clube que milita na Liga 3, registou um saldo positivo de cerca de 93 mil euros na época desportiva de 2022/2023, com a gestão do Estádio Cidade de Coimbra (propriedade do Município) não relacionada com o futebol profissional, revela o relatório de gestão daquele equipamento, entregue recentemente à Câmara de Coimbra e consultado pela agência Lusa.
Como a operação na área do futebol profissional é deficitária (mais custos que receitas), o resultado global da gestão do Estádio representa uma receita global de 13 mil euros.
Nas contas, do saldo positivo das actividades não relacionadas com o futebol, não é contabilizada a receita excepcional associada à utilização do Estádio para os concertos dos Coldplay, que representou um encaixe de 300 mil euros para o clube, que gere aquele equipamento desportivo criado aquando do Euro 2004.
Nas actividades não associadas ao futebol profissional, a Académica recebeu 356 mil euros de rendas dos espaços do Estádio Cidade de Coimbra (como escritórios, entre outros) que, à data do relatório, estavam todos ocupados, notando, porém, que durante a época desportiva se registaram “duas insolvências de empresas arrendatárias e alguns incumprimentos pontuais”.
Já as despesas (sem contar com o futebol profissional) na época desportiva transacta situaram-se em cerca de 262 mil euros, dos quais 106 mil euros em pessoal.
No domínio dos consumos de água, luz e gás, a AAC/OAF adoptou o princípio de que apenas 10% das facturas estão associadas à vertente do futebol profissional, sem explicar ou fundamentar a aplicação desse princípio.
Se neste campo, há um saldo positivo de 93 mil euros, no caso do futebol, os resultados são negativos. As receitas de bilheteira na Liga 3 são “praticamente inexistentes”, com 11.850 euros ao longo de toda a época desportiva (os sócios têm entrada gratuita nos jogos e os não-sócios podem beneficiar de vouchers).
Aos ganhos com a bilheteira acrescem 48.500 euros com a comercialização dos camarotes e 55 mil euros em contratos publicitários no interior do Estádio, havendo uma receita global associada ao futebol de 125 mil euros.
No entanto, as despesas são de 204 mil euros (105 mil euros em pessoal, onde não está incluída a estrutura do futebol profissional), o que leva a um resultado negativo de quase 80 mil euros no que toca à actividade associada ao futebol no Estádio Cidade de Coimbra, compensada pela restante actividade.
As despesas globais (juntando todas as actividades) centram-se sobretudo em consumos de água, luz e gás (40%) e pessoal (40%) e as rendas dos espaços têm um peso de 74% nas receitas totais.
No relatório, a AAC/OAF relata também dificuldades com algumas entidades que possuem protocolos com a Câmara de Coimbra e que utilizam regularmente o Estádio Cidade de Coimbra.
De acordo com o clube, a Associação Distrital de Judo está sem pagar, desde 2004, qualquer valor pela utilização de espaços do Estádio e a Associação Distrital de Atletismo não paga parte dos custos da manutenção das caldeiras, notou.
A Académica constata ainda que há problemas construtivos no Estádio que permanecem por resolver por parte da Câmara.
Este é o primeiro relatório que a AAC/OAF entrega ao Município em quase 20 anos de gestão daquele equipamento desportivo.
O documento deu “entrada muito recentemente na Câmara Municipal” e ainda “não foi alvo de análise dos serviços técnicos Municipais”, referiu à Lusa fonte oficial do município. Após a análise, o relatório será levado a reunião do Executivo.