O Hospital Distrital da Figueira da Foz (HDFF) destaca-se pelas avaliações muito positivas no desempenho e por continuar a investir na melhoria da prestação de cuidados de saúde. Ana Raquel Santos, presidente do Conselho de Administração do HDFF, sublinha ao “Campeão” que o aspecto que mais valoriza é terem conseguido aumentar, significativamente, o acesso às primeiras consultas e o total de doentes operados. O caminho para aí chegar e o que já está planeado para o futuro são, também, aspectos abordados nesta Entrevista.
Campeão das Províncias [CP]: Como apresenta o Hospital Distrital da Figueira da Foz?
Ana Raquel Santos [ARS]: O Hospital Distrital da Figueira da Foz é um hospital de proximidade, reconhecido e acarinhado pelos seus utilizadores e profissionais, onde a qualidade da saúde dos figueirenses, e de todas as pessoas que dela necessitam, é a prioridade, contribuindo assim para a construção de uma comunidade mais justa e igualitária.
[CP]: Quais têm sido as suas linhas orientadoras?
[ARS]: O caminho percorrido nestes últimos anos assentou em 3 linhas orientadoras: (i) o reforço do acesso a cuidados de saúde; (ii) o fortalecimento da cultura organizacional, própria e distintiva do hospital; e (iii) a modernização tecnológica e estrutural.
[CP]: Quais os aspectos essenciais do seu mandato como presidente, que se iniciou em 2021?
[ARS]: O aspecto que mais valorizo é termos conseguido aumentar, significativamente, o acesso às primeiras consultas e o total de doentes operados, porque sei que é essa a prioridade dos nossos utentes. A criação de três Centros de Responsabilidade Integrada nas especialidades de Oftalmologia, Ortopedia e Pneumologia foi, também, importante pois abriu o caminho para novos centros de responsabilidade a iniciar no futuro próximo.
Outro aspecto que devo destacar foi o fomento de uma cultura organizacional saudável e positiva, de forma a garantir que os trabalhadores deste Hospital encontrem aqui uma instituição que lhes proporcione as condições adequadas e necessárias ao desenvolvimento do seu percurso profissional e pessoal, coadunando as suas expectativas com os objectivos e metas da instituição. Só com profissionais satisfeitos e motivados poderemos ajudar mais e melhor quem de nós precisa.
Em terceiro lugar, assinalo a concretização de 5 candidaturas a fundos comunitários referentes a sistemas de informação e equipamentos que permitiu dotar o hospital de recursos que melhoram substancialmente as condições de prestação de cuidados, na medida em asseguram novas formas de gestão hospitalar e prestação de cuidados, aproveitando o que de melhor a tecnologia nos oferece. Igualmente, a remodelação e modernização das condições hoteleiras, em enfermarias com a de medicina e especialidades médicas, que necessitavam de melhorias de estrutura e climatização. Por fim a intervenção na consulta externa com reforço do número de gabinetes, e condições de humanização em áreas comuns, colocam o hospital de acordo com os melhores padrões de qualidade no atendimento.
[CP]: Que investimentos estão em curso e que outros estão em vista?
[ARS]: Estamos a concluir o projecto de eficiência energética (apoiado pelo POSEUR), na acção de reformulação das águas quentes sanitárias, que possibilitará uma maior poupança no consumo de gás, através da utilização de bombas de calor associada à passagem para gás natural. Realço, ainda, a construção da nova unidade de convalescença e hospital de dia, cujo concurso público internacional será lançado no início do próximo ano. Um outro investimento muito relevante para os nossos utentes é a aquisição de um equipamento de ressonância magnética, que possibilitará a realização deste exame no hospital evitando deslocações. Acresce, ainda, a restruturação da cozinha hospitalar que será deslocalizada para outro espaço físico da instituição e dotada de equipamentos novos com melhores desempenhos energéticos e de confecção.
[CP]: Qual a missão do HDFF no SNS
[ARS]: O HDFF é uma instituição de proximidade que trata os utentes com competência técnica e humanismo, ingredientes essenciais para o sucesso de qualquer instituição de saúde, servindo o SNS do futuro, mais forte, mais moderno, mais ambicioso e mais inovador.
[CP]: Como encara a futura Unidade Local de Saúde e o que vai mudar?
[ARS]: A criação da ULS do Baixo Mondego é o maior projecto de reforma dos cuidados de saúde a implementar nos concelhos da Figueira da Foz, de Montemor-o-Velho e Soure. Pretende-se melhorar a integração de cuidados, potenciar o acompanhamento ao longo do percurso de vida das pessoas, bem como a eficiência e a proximidade entre as diferentes instituições que a compõem. Certamente será um enorme desafio organizacional e de cultura institucional que deverá ser construído com todos os profissionais. A principal mudança consistirá na maior aproximação e integração propiciada aos profissionais que se irá reflectir no percurso mais fácil do utente entre os vários níveis de cuidados.
[CP]: O HDFF tem tido constrangimentos como se tem sentido em outras unidades hospitalares?
[ARS]: Na sequência da adesão ao movimento nacional de não realização de trabalho extraordinário acima das 150 horas, o HDFF também tem tido limitações em alguns fins-de-semana e noites nas especialidades de ortopedia e cirurgia geral.
[CP]: O HDFF tem conseguido fixar recursos humanos e dispõe do que é necessário?
[ARS]: Ao longo dos últimos anos temos conseguido aumentar em cerca de 13% o quadro de profissionais, no entanto, é necessário continuar a investir no recrutamento de mais recursos humanos por forma a acompanhar e corresponder às necessidades em saúde e expectativas da população.
[CP]: Que avaliação faz dos cuidados de saúde prestados no HDFF?
[ARS]: A melhor avaliação que disponho e valorizo é a efectuada pelos nossos utentes, que em 2022 atribuíram uma classificação de 93% ao desempenho do hospital como Bom, Muito Bom ou Excelente.
Naturalmente, este resultado se deve ao elevado sentido de profissionalismo e compromisso para com o serviço público de saúde dos trabalhadores do HDFF. Destaco que o HDFF possui dos melhores indicadores a nível nacional no que respeita ao acesso atempado a consulta hospitalar (4.º lugar) e acesso a cirurgia (1.º lugar). Quanto à qualidade da prestação importa referir que aplicamos os melhores referenciais protocolados no tratamento dos nossos doentes, pugnando pela garantia de disponibilização às melhores terapêuticas e dispositivos médicos, incluindo inovadoras.
[CP]: Qual o relacionamento do HDFF com as instituições da Figueira da Foz?
[ARS]: O HDFF no desempenho da sua missão tem tido a oportunidade de poder contar com a colaboração e disponibilidade das várias instituições do sector público, do sector social e também do sector privado que em conjunto procuram servir a população figueirense. Deixo uma palavra especial de agradecimento à Câmara Municipal da Figueira da Foz que tem sido um aliado no desenvolvimento de novos projectos, nomeadamente a plataforma de cuidados clinico-social, a remodelação da Casa da Mãe e o novo equipamento de ressonância magnética.
Luís Santos
Entrevista publicada na edição em papel do “Campeão” de 14 de Dezembro de 2023