Nasceu em Coimbra e vive actualmente em Lisboa. Chama-se Beatriz Rosário e é uma das mais promissoras artistas nacionais da actualidade. É na capital que trabalha e aposta no sonho da música, tendo já trabalhado com artistas como Agir, D.A.M.A e Ivo Lucas.
“Sempre amei a música”. É desta forma que começa a conversa com o “Campeão”. Beatriz Rosário tem ainda toda uma vida à sua espera, mas, aos 25 anos, tem já uma história de resiliência e perseverança para contar. E é hoje a prova viva de que acreditar nos sonhos, compensa.
A paixão pela música vem de muito cedo. O gosto pelo fado foi-lhe passado pelos avós, já a música mais contemporânea foi com o irmão que a descobriu.
“Desde pequena e, em Coimbra, já tinha vontade de ‘voar’ para Lisboa, para me conhecer melhor enquanto pessoa e artista”, explica Beatriz, que se licenciou em Economia na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC) e é Mestre em Marketing Intelligence pela Universidade Nova de Lisboa.
Aos 21 anos, quando rumou à capital, tinha dois objectivos: acabar o mestrado e conseguir fazer da música um caminho profissional que lhe permitisse viver.
Em Abril de 2022 estava no Capitólio, com sala esgotada, a apresentar o seu primeiro EP, já com o mestrado concluído: “foi aí que tudo começou e hoje é o que faço, tenho mais trabalho na música, felizmente”.
Conta que quando estava no Ensino Secundário ia muitas vezes aos fins-de-semana para Lisboa. “Tinha muita vontade de beber e alimentar a minha alma de fado. Primeiro, ia com essa finalidade e mais tarde, já me contratavam para actuar em casas de fado. Antes do mestrado sempre me cultivei muito, por saber mais sobre a história e as regras do fado. Depois, quando me mudei efectivamente para Lisboa a história tomou outro rumo, foi aí que apliquei o meu conhecimento e juntamente com pessoas do meio, como Agir e Ivo Lucas, comecei a fazer sons com essência no fado mas que incluíssem outras sonoridades”, recorda a cantora.
É, pois, aos 17 anos, que lança um disco, intitulado “Beatriz”, composto pelas actuações que teve em casas de fado.
“Uma artista em constante procura de algo”
Quando lhe perguntamos como se define enquanto artista, Beatriz não hesita: “uma artista em constante procura de algo. Que viaja no tempo e em várias camadas emocionais. Que sente. Que vive. Que se interroga. Apaixonada e empática”.
Em 2022 lançou o EP ‘Rosário’, um tributo a avó, “para começar esta jornada musical, enquanto Beatriz Rosário. E agora… muita música boa a caminho”, antecipa.
A paixão pelo fado é antiga e tem em Amália Rodrigues uma grande inspiração. É por isso que Beatriz Rosário considera que “só podemos trabalhar no presente e futuro se tivermos respeito pelos antigos e pelo passado. A Amália para mim é a rainha do fado e uma verdadeira inspiração. Um exemplo de coragem e talento”.
São muitos os que consideram que Beatriz traz uma nova abordagem ao fado, abraçando outros caminhos, como o pop, o hip-hop e o r&b (rhythm and blues), que costumava ouvir e que são as suas referências musicais.
“Acho que estou a trazer a minha verdade de descoberta pessoal de vida. Fado sempre e com sons curiosos à mistura que faz, a quem ouve, sentir outro tipo de experiências. Sou inclusiva! Tanto canto fado tradicional como faço por descobrir mais de mim e traduzir isso em música”, acrescenta.
Revela ao “Campeão” que, neste momento, está a trabalhar em novas músicas e que haverá novidades para breve. “Está a correr muito bem e estou muito feliz com o processo”, garante.
Trabalha directamente com músicos e produtores e salienta que “é criativa” de todo o seu projecto, pensa na criação das músicas e está sempre muito presente na concepção dos trabalhos. “Depois, tudo o que vem daí – seja imagem, vídeo ou gestão de carreira – também faço questão de estar sempre por dentro. É uma vida estimulante!”.
Sobre as oportunidades no mundo da música em Portugal e que dificuldades considera que se colocam aos que agora estão a começar nesta indústria, Beatriz Rosário admite que este “não é um mundo propriamente fácil, mas acho que nenhum é”.
“A resiliência é imperatriz para este mercado! A mente e a saúde são diariamente testadas”, confessa a cantora. E é por isso que refere ser essencial que se apoiem “mais novos artistas nacionais. Há muito talento em Portugal e, às vezes, nem temos noção do quão bom somos”.
Quanto a sonhos e ao futuro, Beatriz não tem dúvidas: “o principal de todos será sempre proporcionar às pessoas bons sentimentos e experiências. Despertar consciências e/ou poder abraçar as almas das pessoas com as minha palavras e canto”. E é por isso que deixa uma mensagem a todos os jovens artistas do país: “acreditar sempre”.
O SUCESSO
Aos 17 anos reuniu os temas que mais marcaram a primeira fase da sua vida e lançou um disco, entrando no universo da música com actuações em casas de fado. O seu EP ‘Rosário’ levou a artista a procurar um lugar de destaque no fado com novos sons.
Já o seu primeiro single, ‘Ficamos por Aqui’, esteve sete semanas em primeiro lugar no top da RFM, e milhares de streams no Spotify.
Já em Maio de 2022, teve a sua grande estreia no Capitólio, com sala esgotada, e juntamente com Kasha (dos D.A.M.A.) lançou “Tarde Demais”, contando com milhares de visualizações no Youtube.
Em 2023, Beatriz Rosário trouxe-nos “Maria”, canção que serve como “primeiro single da próxima etapa”. “Maria” assume-se como um manifesto assinado em nome de uma mulher auto-suficiente, apaixonada no amor e lutadora na guerra. Até ao final do ano a cantora de Coimbra deverá editar o disco de estreia e o sucessor do EP que lançou em 2022.
Recorde-se que a jovem artista já pisou palcos como o Festival Caixa Alfama, Festival F, Super Bock em Stock, Meo Marés Vivas e Meo Sudoeste.
Texto: Ana Clara (Jornalista do “Campeão” em Lisboa)
Publicado na edição em papel do “Campeão” de 14 de Dezembro de 2023