A cultura é uma das fórmulas, espaços e estratégias de promoção da saúde, estando demonstrado que homens e mulheres cultos são mais felizes e saudáveis, e que quanto mais actividades culturais frequentam maiores são os benefícios para a saúde e bem-estar.
Analisemos, em estilos de vida, o grau de importância, quanto à participação em actividades culturais e saúde, relativo a espectáculos de música, cinema, teatro, ópera, dança e outros; a colóquios, seminários, conferências e jornadas; a congressos científicos e similares; a actividades de bairro e condomínio, grupos regionais e festas populares, mostra de rua, feira e quermesses; a comícios, convívios partidários e acções organizadas da sociedade civil.
A participação regular em espectáculos de música, cinema, teatro, ópera, dança, viagens, turismo cultural e leitura, pode ser visto como importante, pela motivação artística e para as letras, por ser um acto de lazer como bem-estar, ou por o usufruto da cultura ser um contributo para a saúde. Ou pode ser tido como pouco importante, pela indisponibilidade persistente e não priorização, pela ausência de gosto e apreciação artística, ou pelo estado de humor e atitude de rejeição sistemática.
A participação em colóquios, seminários, conferências e jornadas, envolvendo saúde e ambiente, pode ser julgado como importante, pelo desejo de conhecimento da ciência e do mundo global, pelo reconhecimento da ecologia, ambiente e alterações climáticas como factos de risco e prioridade, ou por ser um contributo para melhoria do futuro e das novas gerações. Ou pode ser apontado como pouco importante, pela impreparação científica e desmotivação temática, pela incompreensão do risco e da gestão de recursos ambientais necessária e útil, ou por haver egocentrismo e presunção incônscia.
A participação em congressos científicos e outras actividades relacionadas também com o trabalho, pode ser olhado como importante, pela necessidade e ânsia do conhecimento e aquisição de evidência, por vontade de promoção pessoal e fanfarronice, ou para melhoria de estatuto económico a posteriori. Ou pode ser encarado como pouco importante, por inadequação ao seu estatuto laboral ou aposentação, por desvalorização do ensino / aprendizagem, ou por constituir uma ocupação sem reflexos no quotidiano.
A participação em actividades de bairro e condomínio, grupos regionais e festas populares, mostra de rua, feira e quermesses, pode ser marcado como importante, por expressão de alegria e senso contributivo para acção popular comum, por revelar boa integração comunitária, ou por ser forma de combate ao sedentarismo. Ou pode ser classificado como pouco importante, por ser considerado um aborrecimento e uma interacção não desejada, por interferência no elitismo pessoal e ufania, ou por altivez e desconsideração pela cultura popular.
Considerando a política um acto de cultura, a participação em comícios, sessões de esclarecimento ou convívios partidários e acções organizadas da sociedade civil e movimentos cívicos, pode ser avaliada como importante, pelo contributo para a sociedade e expressão cívica, pela vontade de protagonismo em ideias e sua concretização, ou por ser uma oportunidade de progressão e carreira política. Ou pode ser desvalorizado como pouco importante, por ser uma actividade desacreditada e não reconhecida como válida e útil, por falta de características e estímulo pessoal para o desempenho em liderança, ou por não compaginação de interesses e seriedade, incompatíveis no ideário.
A cultura é a mãe de múltiplas definições. Mas está também demonstrado que homens e mulheres que tocam instrumentos musicais ou pintam, assistem a peças de teatro ou vão a museus têm saúde melhor, e são menos propensos a sofrer de ansiedade ou depressão.
Bertrand Russel, pacifista convicto da liberdade, considerava, de forma bem-humorada, que “Os cientistas se esforçam para tornar possível o impossível, e os políticos para tornar o possível impossível”.
(*) Médico