O presidente do Município de Góis, Rui Sampaio, diz que é necessário dar continuidade ao projecto de gestão da bacia hidrográfica do rio Ceira para combater a erosão das margens e requalificar vários açudes.
O autarca daquela, que falava esta terça-feira no encerramento do projecto “PDP-3 Gestão da Bacia Hidrográfica do Rio Ceira Face às Alterações Climáticas”, considerou que é necessário garantir a sustentabilidade das árvores das margens, que está ameaçada pela erosão.
“Esta erosão das margens provoca que, em contextos de cheias e de vento, as árvores facilmente tombem, retirando-nos exemplares que são importantes, e que obriga a autarquia a efectuar rearborização”, disse Rui Sampaio.
O presidente da Câmara de Góis disse ainda que existe um conjunto de açudes no concelho que “não estão em condições e precisam de ser recuperados”.
“São trabalhos que têm de ser feitos e que estão sinalizados, nalguns casos já com parecer positivo da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), mas não temos financiamento para todos, o que é uma necessidade, até porque alguns também são importantes para os regadios”, salientou.
No âmbito do projecto “Gestão da Bacia Hidrográfica do Rio Ceira face às Alterações Climáticas” foi possível, no concelho de Góis, atravessado pelo rio Ceira, repor galerias ripícolas, colocar equipamentos de monitorização do caudal da água e dispositivo de passagem de peixes, e intervir em alguns equipamentos.
O projecto foi apoiado pelo EEA Grants 2014-2021, mecanismo financeiro do Espaço Económico Europeu, que, baseado numa abordagem ambiental, visa consciencializar as populações locais para a mitigação e adaptação das suas atividades às alterações climáticas neste território.
Com a duração de 36 meses e um orçamento de 2,6 milhões de euros, o projecto abrangeu também os municípios de Lousã, Arganil e Pampilhosa da Serra, e foi coordenado pela Região Hidrográfica do Centro da Agência Portuguesa do Ambiente, tendo como parceiros a Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e a Direcção Norueguesa para a Protecção Civil.
Com incidência nas componentes hidrológica, cultural e nos ecossistemas, o projecto pretende melhorar a resiliência e a capacidade de resposta às alterações climáticas.
A intervenção abrangeu 120 quilómetros do rio Ceira, que nasce na Serra do Açor, no concelho de Arganil, e desagua no Mondego a montante de Coimbra.
Presente na sessão de encerramento, em Góis, o secretário de Estado do Planeamento, Eduardo Pinheiro, salientou que o “PDP-3 Gestão da Bacia Hidrográfica do Rio Ceira Face às Alterações Climáticas” é um dos projectos de maior dimensão no âmbito dos EEA Grants, “por aquilo que faz e o investimento associado”.
“Queremos que continue e é importante agora, como exemplo para outros rios do país, demonstrar o que foi feito e o que podemos fazer, mas mais importante é que o que foi feito não se perca”, frisou o governante.
Segundo Eduardo Pinheiro, este projecto é “original e o único a ser feito” com esta dimensão, que vai muito além da questão ambiental, envolvendo também as populações e a área cultural, “pelo que é importante garantir que há uma continuidade, que não se limita aos investimentos realizados”.