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Bluepharma – um grupo nacional de referência no sector

23 de Setembro 2023 Jornal Campeão: Bluepharma – um grupo nacional de referência no sector

À medida que o Dia Nacional do Farmacêutico se aproxima, a cidade de Coimbra assume uma posição proeminente como epicentro em ascensão no sector farmacêutico. O Campeão das Províncias teve o privilégio de se sentar com Paulo Barradas, presidente da Bluepharma, um grupo farmacêutico português que ao longo de 20 anos criou 20 empresas, abarcando todas as etapas cruciais na cadeia de valor desta indústria.  A Bluepharma, ao longo dos anos, tem desempenhado um papel vital na evolução e crescimento do sector farmacêutico em Portugal. Actualmente, detém uma posição de destaque no panorama nacional, operando em diversas áreas da indústria farmacêutica, desde pesquisa e desenvolvimento até à produção e distribuição de medicamentos de elevada qualidade.

Campeão das Províncias [CP]: A indústria farmacêutica evoluiu muito nos últimos anos. Portugal tem conseguido acompanhar essa evolução?

Paulo Barradas [PB]: Portugal tem evoluído de forma bastante positiva. Possuímos uma elevada qualificação de profissionais na área da saúde. A medicina nos últimos anos, com as suas médias elevadas, impulsionou a excelência dos estudantes na área da saúde, incluindo farmacêuticos, bioquímicos e enfermeiros. Assim, todo o pessoal que trabalha na área da saúde saiu bastante beneficiado. Aproveitámos a circunstância durante muitos anos em que Portugal privilegiava as empresas farmacêuticas que produziam no país, o que permitia comparticipar os medicamentos daquelas empresas que tinham operações industriais em Portugal. Isso era viável, quando ainda não éramos parte da Comunidade Europeia, depois tornou-se mais complicado. Isso levou as principais empresas multinacionais a virem para o nosso país. Somou-se a isso o facto de termos aqui um pouco dos dois efeitos: o know-how proveniente desses investimentos das multinacionais farmacêuticas e a excelência das pessoas que saíam das universidades. Houve também um grande investimento nas universidades, o que levou a um elevado número de pessoas a doutorarem-se. Deste modo, temos uma elevada taxa de doutorados na área das ciências da vida. Para as empresas, se bem aproveitados, representam uma mais-valia muito significativa.

 

[CP]: Podemos afirmar que Portugal é uma excepção no mundo da farmácia?

[PB]: Temos uma farmácia de muito boa qualidade e muito qualificada. Além disso, possuímos uma distribuição de medicamentos excelente, o que veio complementar este quadro. Com uma sólida indústria farmacêutica que durante muitos anos foi multinacional e que, entretanto, já tem alguma expressão nacional. Existem empresas que têm na sua estratégia a inovação, a internacionalização e a cooperação, o que facilita muito entrar nas cadeias globais de fornecimento.

 

[CP]: Já referiu que as Universidades Portuguesas preparam bons profissionais. Quantos é que a Bluepharma tem nos seus quadros?

[PB]: Como referi, ao longo de 20 anos fundámos 20 empresas e actualmente empregamos cerca de 800 pessoas. Destas, 700 trabalham na indústria farmacêutica, em São Martinho do Bispo, em Eiras e em Taveiro. Assim, os três pólos contam com um total de 700 colaboradores, sendo que cerca de 70% destes, têm formação superior. Temos assim mais de 450 licenciados provenientes de diversas universidades portuguesas, sendo que uma grande parte estudou em Coimbra. Isso faz de nós um dos maiores e mais qualificados empregadores industriais da região.

 

[CP] A Buepharma é uma referência no sector, tem conseguido inovar a cada passo que dá. Como é que se alcança este sucesso?

[PB]: Empresas que apostem na inovação podem fazer a diferença de diversas maneiras, desde o processo até ao produto. Na verdade, na atitude que temos no dia a dia, na forma como abordamos o cliente, há sempre espaço para inovação em todos esses processos. A empresa que inova está a destacar-se das outras, surpreendendo o cliente a cada passo. Num mundo cheio de oportunidades, vivemos também numa esfera altamente competitiva. Muitos fazem o mesmo, e o factor distintivo muitas vezes é o preço – quem vende mais barato? Terá mais sucesso. Ou, olhando de outra perspectiva, quem consegue diferenciar-se pelo produto e pela atitude? Terá mais êxito. Inovar é fazer diferente, é surpreender o cliente continuamente.

Assim, a inovação é crucial, e a internacionalização também. É importante olhar para fora e preparar novos produtos de forma a manter os mercados atuais e conquistar novos. As empresas devem ter estas três visões. Dizemos frequentemente aqui: investimos para inovar, inovamos para internacionalizar. Esta é a nossa política, dos três ‘is’ sempre presentes: Inovação, Internacionalização e Investimento.

Partilhar e colaborar são fundamentais. Trabalhar em rede, trabalhar em conjunto – especialmente na pandemia, ficou claro o valor desta abordagem. A inovação hoje em dia está nas pequenas empresas, não necessariamente nas grandes. Muitas vezes, são as pequenas empresas que, através de alianças inteligentes com as grandes, conseguem realizar feitos impressionantes. Um exemplo notável é o desenvolvimento das vacinas contra a covid-19, liderado por pequenas empresas que detinham o conhecimento científico, em colaboração com as grandes corporações multinacionais farmacêuticas que apoiaram na distribuição à escala global. Neste exemplo, vemos claramente a importância da colaboração.

A nossa empresa é construída sobre estes princípios de investimento, inovação e partilha. Temos feito um investimento substancial em Coimbra, o maior dos últimos tempos. Mantemos laboratórios de investigação e desenvolvimento, desafiando todos a inovar, lembrando que a capacidade criativa e inovadora está ao alcance de todos. Na Bluepharma, promovemos constantemente esta atitude de partilha, criativa e inovadora, sempre com o objetivo de marcar a diferença.

Somos uma empresa orientada para o exterior e exportamos mais de 90% do que produzimos. Contribuímos significativamente para o erário público, pois para além de não gerarmos despesa, trabalhamos na área dos medicamentos genéricos, colaborando assim com o Estado e com os utentes na redução da despesa pública. Foi este segmento de mercado que da troika para cá fez o Estado português poupar nos primeiros anos 1.000 milhões de euros ao ano e, portanto, ainda hoje a factura com medicamentos está a atingir os níveis de há 10 anos atrás.

Por fim, salientamos a importância do “Q” de qualidade – fazer bem à primeira, manter a coerência na forma como operamos. Somos certificados por uma série de países, incluindo a exigente FDA dos Estados Unidos, o que nos permite produzir medicamentos para esse mercado. Portanto, não só criamos empregos directos, mas também indirectos, e contribuímos para a poupança e economia do país, proporcionando medicamentos de qualidade a preços acessíveis. Acreditamos que o investimento na inovação, na internacionalização e na qualidade a par da cooperação, são pilares fundamentais para o sucesso de qualquer empresa.