O vereador eleito pela CDU, Francisco Queirós, criticou a Câmara de Coimbra por conceder apoio à Nova Acrópole, alertando que a organização internacional já foi considerada uma “seita” e que há várias alegações que a ligam à extrema-direita.
Em causa estavam dois pedidos de isenção de taxas para dois eventos da organização, o festival Acrópole, “dedicado ao Caminho do Herói”, em 30 de Setembro, no Parque Verde, e duas conferências na Casa Municipal da Cultura, em 14 de Setembro e 16 de Novembro, que acabaram por ser aprovados pela maioria do Executivo (Juntos Somos Coimbra), com um voto contra da CDU e quatro abstenções do PS.
Francisco Queirós referiu que aquela associação internacional, criada em 1957, na Argentina, mas que teve uma rápida difusão em várias das ditaduras da América Latina e que foi posteriormente “acarinhada pelo franquismo” em Espanha, tem tido “uma polémica enorme”.
“Há decisões de tribunais de Madrid e tribunais franceses que a classificam como uma seita. O Governo francês considerou em 2014 a Nova Acrópole como uma seita que deve permanecer sob vigilância”, referiu o vereador da CDU.
A Federação francesa de Associações na Defesa de Famílias e Indivíduos Vítimas de Seitas alerta, no seu site, para a organização francesa da Nova Acrópole, que considera que tem uma estrutura fascizante, e o teólogo espanhol e especialista em seitas Luís Santamaria del Rio também já a considerou uma seita, chamando a atenção para símbolos fascistas associados à mesma.
Apesar de a organização internacional ter já negado por várias vezes ser uma seita ou estar associada a qualquer ideologia fascista, a mesma surge referida num relatório do Parlamento Europeu, em 1985, sobre o crescimento do fascismo e do racismo na Europa.
Para o presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva, o Município não deveria rejeitar a isenção de taxas, por a proposta ter sido apresentada de acordo com a lei.
Já o vereador do PS Hernâni Caniço notou que os serviços municipais, apesar de proporem a atribuição de isenção de taxas, notam que não dispõem de “elementos suficientes para uma avaliação cabal da entidade requerente”.
“Não compreendemos a aceitação de uma proposta em que os serviços municipais não têm elementos suficientes. Alguns daqueles que temos não são abonatórios, apesar de a organização estar em 60 países e em dez cidades portuguesas”, acrescentou.
Na resposta, José Manuel Silva disse que o Município não deveria fazer “juízos de valor ou censura sobre associações”, vincando que as propostas apresentadas estão dentro da lei.