Uma proposta para resolver a questão da Palestina foi apresentada por Xi Jinping, ao receber, em Pequim, o Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas (que fez uma visita oficial à China no passado mês de Junho).
A proposta do Presidente chinês contempla três pontos.
O primeiro, e como solução fundamental, é o estabelecimento de um Estado palestiniano totalmente soberano e independente, baseado nas fronteiras definidas em 1967, com a capital em Jerusalém Oriental.
O segundo ponto defende que as necessidades económicas e de subsistência da Palestina devem ser atendidas.
O terceiro ponto refere que as partes envolvidas devem reatar as negociações de paz e persistir em mantê-las na direcção correcta.
Esta proposta do Presidente da China responde, no essencial, à chamada “Iniciativa de Paz Árabe”, também conhecida como “Solução de Dois Estados” – um projeto de criação e de coexistência pacífica dos Estados independentes de Israel e da Palestina, visando a acabar com as disputas de soberania política, territorial e militar na região.
Ao mesmo tempo, o líder chinês sublinhou a importância de garantir as necessidades económicas e de subsistência da população e pediu à comunidade internacional que reforce o auxílio humanitário ao povo palestiniano. De facto, após mais de meio século de conflitos, o desenvolvimento socioeconómico da Palestina estagnou.
Recorde-se que em 1967, durante a Terceira Guerra do Médio Oriente, Israel ocupou a Faixa de Gaza e a Cisjordânia. O Conselho de Segurança das Nações Unidas adoptou, por duas vezes, resoluções que instavam Israel a devolver os territórios palestinianos ocupados em 1967. No entanto, Israel não os devolveu completamente e continuou a expandir os seus colonatos na Cisjordânia.
Em 2020, a então administração Trump nos Estados Unidos lançou o chamado “acordo do século” para o Médio Oriente, favorecendo Israel em questões importantes como a pertença de Jerusalém e a legitimidade dos colonatos judaicos, tentando esvaziar a “solução de dois Estados”. Algumas análises referem que, nos últimos anos, os Estados Unidos têm passado por mudanças na liderança dos partidos Republicano e Democrata, mas o que se tem mantido inalterado é a conivência e o favoritismo para com a posição de linha dura de Israel na questão palestiniana. Em contrapartida, a China defende uma posição imparcial, que reflecte o respeito e o cumprimento das resoluções das Nações Unidas.
Mais recentemente, em 2022, a China e a Palestina assinaram um acordo de cooperação no âmbito da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”. No mesmo ano, o fluxo comercial entre os dois países atingiu 158 milhões de dólares (cerca de 145 milhões de euros), um aumento de 23,2% frente ao mesmo período de 2021. Agora, a China prometeu continuar a oferecer ajuda humanitária, especialmente nos projetos relacionados com as infraestruturas e o bem-estar da população.
A China considera também que as negociações de paz são a única saída para resolver a questão. Porém, as suas tentativas enfrentam um impasse desde 2014, por causa principalmente dos colonatos judaicos. Enquanto isso, só este ano mais de uma centena de palestinianos já perderam a vida nos conflitos na região e muitos civis israelitas também ficaram feridos. Portanto, é urgente retomar as conversações de paz.
Para compreender melhor o significado desta proposta chinesa de três pontos, importa recordar os antecedentes da visita de Abbas à China. Assim, no início deste ano, a Arábia Saudita e o Irão fizeram um acordo de paz sob a mediação da China, dando início a uma “onda de reconciliação” no Médio Oriente. Neste contexto, há fundadas esperanças quanto ao papel de Pequim na solução do mais complexo problema do Médio Oriente – a resolução da questão palestiniana.
Segundo uma sondagem recentemente publicada no site Saudi Arabian News, 80% dos inquiridos consideram que a China pode ter um papel determinante nas conversações de paz entre Israel e a Palestina.
A China sublinha que não tem qualquer interesse próprio nesta questão, mas espera que os palestinianos e os israelitas considerem cuidadosamente a sua proposta de três pontos e tomem medidas para retomar as conversações de paz. As autoridades chinesas sublinham que “nunca é demasiado tarde para fazer o que é correto”.
(Centro de Programas de Línguas da Europa e América Latina da China)