Compra e arrendamento de casas próximas ao mar em Portugal: uma análise detalhada

A relação dos portugueses com o oceano é enraizada na história e cultura do país, e a procura por casas à beira-mar é um reflexo desse vínculo duradouro. Seja para viver junto ao mar durante todo o ano, ou para escapar nos fins-de-semana e férias, muitos têm encontrado na propriedade costeira uma forma de renda adicional ao alugar para turistas. Além disso, atraídos pelas belezas naturais do litoral luso, os estrangeiros também se juntam à procura por residências costeiras. Entretanto, adquirir uma casa à beira-mar em Portugal está a tornar-se cada vez mais dispendioso, com preços em ascensão na maioria dos municípios no segundo trimestre de 2023.

O cenário de valores elevados, aliado à perda de poder de compra decorrente da inflação e às altas taxas de juros no crédito habitação, está a desacelerar a procura por habitações para compra próximas à praia, culminando num aumento na oferta em muitos concelhos. No entanto, no mercado de arrendamento, a procura permanece forte, absorvendo as habitações disponíveis e impulsionando o aumento das rendas.

A análise realizada pelo idealista/news revela as tendências actuais do mercado imobiliário costeiro em Portugal, incluindo informações sobre os municípios mais caros e mais acessíveis para compra e arrendamento.

Comprar casa junto ao mar: municípios mais caros e mais acessíveis

Aqueles que querem adquirir uma residência perto do mar, seja para residência permanente ou lazer, encontram um cenário de preços unitários em ascensão em 81 dos 84 concelhos portugueses analisados. A cidade de Albergaria-a-Velha, no distrito de Aveiro, lidera o aumento dos preços (+43%) no segundo trimestre de 2023 em comparação com o mesmo período do ano anterior. Outras localidades como São Vicente, Ribeira Brava (ambas na ilha da Madeira), Murtosa (Aveiro) e Óbidos (Leiria) experimentaram aumentos na ordem dos 40%.

Embora a maioria das cidades tenha visto um aumento nos preços, apenas três municípios costeiros testemunharam um decréscimo nos valores das habitações à venda durante o mesmo período: Estarreja (Aveiro) com -13%, Esposende (Braga) com -9% e Sesimbra (Setúbal) com -2%.

Na análise dos preços médios por metro quadrado (euros/m²) para compra, é notável que há apenas sete municípios onde os preços médios são inferiores a 1.100 euros/m², sendo três deles em Portugal Continental:

• Nordeste (ilha de São Miguel, Açores): 879 euros/m²
• Estarreja (Aveiro): 937 euros/m²
• Marinha Grande (Leiria): 1.009 euros/m²
• Angra do Heroísmo (ilha Terceira, Açores): 1.022 euros/m²
• Praia da Vitória (ilha Terceira, Açores): 1.061 euros/m²
• Cantanhede (Coimbra): 1.067 euros/m²
• Povoação (ilha de São Miguel, Açores): 1.083 euros/m²

Por outro lado, o município de Lisboa lidera o ranking dos mais caros, com o preço médio de compra alcançando 5.351 euros/m² no segundo trimestre de 2023 (+7% em relação ao ano anterior). Grândola (Setúbal), Cascais, Oeiras e Loulé completam o top cinco dos municípios costeiros mais caros para compra.

Arrendar casa junto ao mar: tendências de preços

Em meio ao aumento dos preços de compra e às taxas de juros em alta, muitos estão a considerar o arrendamento como alternativa para desfrutar da vida à beira-mar. No entanto, o cenário não é promissor nesse aspecto também: as rendas das habitações subiram em todos os 31 municípios analisados, com Lisboa a liderar (+38%) no segundo trimestre de 2023 em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Embora as rendas continuem a aumentar, ainda é possível encontrar opções de arrendamento com preços médios inferiores a 10 euros/m². Alguns dos municípios costeiros mais acessíveis para arrendamento são Viana do Castelo, Leiria, Torres Vedras, Palmela e Montijo.

O interesse em arrendar casas à beira-mar tem crescido, aumentando a procura em 23 dos 31 municípios analisados. Barreiro, Faro, Almada, Loures e Sintra lideram o aumento da procura entre Abril e Junho de 2023 em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Perspectivas para o mercado

O mercado imobiliário costeiro em Portugal passa por transformações marcantes, com preços de compra em ascensão e arrendamentos mais caros. Enquanto a procura por compra pode estar a diminuir devido ao custo elevado e ao contexto inflacionário, o arrendamento permanece uma opção viável para muitos que desejam aproveitar a beleza das praias lusitanas. As medidas governamentais para aumentar a oferta de habitações a preços acessíveis estão em análise, de forma a equilibrar o mercado e tornar a vida à beira-mar uma realidade mais acessível para todos.