O mais recente inquérito realizado pela Federação Nacional de Educação (FNE) revelou que a burocracia foi o maior obstáculo enfrentado pelos professores no último ano lectivo. Além disso, a pesquisa também evidenciou que muitos docentes estão preocupados com a progressão na carreira, demonstrando vontade de se aposentar e apontando a falta de recursos para recuperação de aprendizagens.
O inquérito ‘online’, que contou com a participação de 3.482 docentes – um aumento de 30% em relação ao ano anterior -, foi conduzido entre 30 de Junho e 7 de Julho. A maioria dos participantes trabalha em escolas públicas localizadas nas regiões Norte, Centro e Lisboa e Vale do Tejo, e quase 80% deles têm idades entre 40 e 59 anos.
Entre as principais preocupações dos professores relacionadas à sua actividade profissional, destacam-se o excesso de trabalho (60,3%), a saúde mental e bem-estar (52,9%) e o comportamento dos alunos (34,4%). Surpreendentemente, apenas 16,5% dos inquiridos apontaram o salário como uma das principais preocupações.
A burocracia foi identificada como o maior problema do último ano lectivo por 30,6% dos professores inquiridos, seguida pela avaliação de desempenho (25,4%), o número de alunos por turma (11,8%) e a indisciplina em sala de aula (10,8%).
Em relação à progressão na carreira, o relatório do inquérito destacou que os professores com duas e três décadas de tempo de serviço são os mais preocupados. Dos inquiridos, 2.286 docentes manifestaram-se “extremamente preocupados” com essa questão.
No que diz respeito aos planos de recuperação de aprendizagens, 77% dos professores afirmaram que as escolas onde trabalham possuem tais planos, mas 10% disseram que seus estabelecimentos não os definiram. Além disso, 27,3% dos respondentes relataram que a escola em que leccionam não atingiu os objectivos de recuperação de aprendizagens propostos para este ano.
O relatório também abordou a questão dos alunos refugiados ou imigrantes, com 83,1% dos participantes confirmando a presença desses alunos em suas escolas e a maioria classificando positivamente o apoio dado a eles (53,5%).
Quanto às mudanças desejadas nas escolas, os professores enfatizaram a redução do trabalho administrativo (32,4%), o respeito pelo horário de trabalho (24%) e a diminuição do número de alunos por turma (18,4%), entre outras medidas.
O inquérito revelou ainda que a maioria dos docentes (88,5%) participou em acções de formação no último ano. No entanto, mais da metade (51,5%) não teve acesso a formações em capacitação digital, e 68% dos inquiridos precisaram pagar pela formação. Mesmo assim, a maioria (56,8%) acredita que a formação contribuiu para melhorar seu desempenho profissional.
Por fim, a FNE questionou os docentes sobre o modelo de gestão preferido nas escolas, e 66,3% apontaram o modelo colegial, em oposição ao unipessoal.
O relatório completo com todos os resultados do inquérito está disponível no site da FNE.