Nuno Gonçalves é o novo director do Portugal dos Pequenitos. Desde o seu trabalho como vereador na Câmara Municipal da Figueira da Foz até às funções como Chefe de Gabinete da Presidência em Montemor-o-Velho, tem deixado uma marca significativa em cada projecto em que se envolve. Reconhecido pelo seu profissionalismo, dedicação e integridade, Nuno Gonçalves acredita na importância de agir com seriedade, honra e competência em todas as funções, sempre tendo em mente o bem-estar e a satisfação dos visitantes. Com uma visão sustentável e inovadora, está empenhado em impulsionar o Portugal dos Pequenitos para o futuro, mantendo viva a essência e o propósito deste importante património cultural.
Campeão das Províncias [CP]: Trabalhar no Portugal dos Pequenitos é bom?
Nuno Gonçalves [NG]: Sim, claro. Aceitar este desafio foi algo muito importante, uma vez que representa uma mudança em relação à minha experiência anterior. O Portugal dos Pequenitos tem uma história muito rica, com 83 anos de existência. É um património muito valioso, não apenas para Coimbra, mas também para a região, para o país e com repercussões internacionais. Recebemos muitos visitantes estrangeiros e, portanto, é um enorme desafio.
[CP]: Qual é o projecto desta direcção?
[NG]: O projecto é muito claro. O objectivo é continuar a aumentar o número de visitantes. É continuar a seguir o código genético do Portugal dos Pequenitos e da própria Fundação, que se baseia na protecção da criança e numa abordagem humanista. É importante perceber que as crianças podem aprender enquanto brincam, numa abordagem pedagógica. Portanto, preservar essa abordagem lúdico-pedagógica é uma das coisas que consideramos essencial. O projecto visa a melhoria contínua e estamos empenhados em oferecer as melhores experiências possíveis aos nossos visitantes, proporcionando-lhes uma experiência rica, sustentada nos valores de humanismo, aprendizagem e fraternidade. Temos um Serviço Educativo que promove a interacção cultural com o nosso público e oferecemos uma variedade de actividades no Parque. Pode-se passar o dia inteiro lá e sempre haverá algo novo para descobrir. Para incentivar o nosso público oferecemos o passe anual, que tem um preço acessível. É algo que queremos encorajar, pois há sempre actividades diferentes a acontecer. Além disso, temos uma exposição permanente histórico-cultural, como a zona do Portugal Monumental, onde os visitantes podem explorar a fusão de diferentes elementos arquitectónicos, concebidos de forma brilhante pelo arquitecto Cassiano Branco.
[CP]: Faça-nos uma visita guiada.
[NG]: Pode-se adquirir o bilhete directamente na bilheteira ou então comprar online ou nos quiosques instalados para facilitar a entrada. Existem várias formas de adquirir o bilhete. Logo à entrada, encontramos a zona chamada “Portugal e o Mundo”, onde podemos explorar as características de cada país, a sua cultura, tradições e história. Essa interactividade nas galerias e pavilhões é um investimento recente e torna a visita mais atractiva, com muitas coisas para descobrir. Depois, podemos visitar a zona do “Portugal Monumental”. Ao entrar, é distribuído um mapa, mas também temos uma aplicação recente que permite uma visita guiada ao nosso ritmo. Através dos QR codes, podemos obter informações sobre cada edifício, características e datas importantes. Na zona de “Portugal Monumental”, encontramos um grande plátano e um espaço de descanso para as famílias. Essa área é ideal para fazer uma pausa nas visitas escolares ou para reunir os visitantes em visitas guiadas. Houve um investimento importante na infra-estrutura do Parque, tornando-o mais seguro e acolhedor. Além disso, temos um Roteiro Botânico com diversas espécies espalhadas pelo Parque, tanto portuguesas como estrangeiras. A terceira parte do parque é dedicada às Casinhas Regionais, que representam o início do Portugal dos Pequenitos. A casa da Criança Rainha Santa Isabel ainda está em funcionamento nessa parte do Parque. As casinhas regionais continuam a ser muito visitadas e trazem um charme especial à memória colectiva das pessoas. Além disso, o Parque possui espaços para exposições temporárias, com temas variados, que enriquecem a programação cultural.
[CP]: Recebem muitas visitas por ano?
[NG]: O ano anterior teve um pouco mais de 200.000 visitantes. O nosso objectivo este ano é ter um pouco mais do que tivemos no ano anterior. Orgulhamo-nos muito de termos tantos visitantes, e encaramos esse objectivo com a responsabilidade de quem tem que prestar um serviço de excelência. Não queremos apenas abrir a porta e esperar que os nossos visitantes entrem, nós queremos fazer muito mais do que isso. Queremos dar-lhes uma boa experiência e queremos também procurar novos públicos, e queremos fazê-lo com qualidade, porque acreditamos vivamente que temos muito para oferecer. As crianças aprendem muito no Portugal dos Pequenitos, os pais, os avós, todos podem ter uma óptima experiência. No fundo o Portugal dos Pequenitos não é apenas das crianças, não é apenas da Fundação Bissaya Barreto, é de todos.
[CP]: E projectos para o futuro?
[NG]: Existe um projecto futuro de ampliação. Por razões óbvias, não posso falar sobre ele em detalhes específicos neste momento. No entanto, posso adiantar que será uma surpresa importante para a cidade, região e país. Posso adiantar que terá um toque de modernidade e contemporaneidade. Está a ser cuidadosamente pensado, de forma sustentável e bem preparada em todos os detalhes.
[CP]: As visitas das escolas são muito importantes para o Portugal dos Pequenitos?
[NG]: As visitas de escolas representam um espaço importante e diria até que o desafio é representar ainda mais. Porque acreditamos que os nossos conteúdos estão muito bem alinhados com o currículo escolar, existente em várias etapas educativas, desde a pré-escola até aos anos mais avançados. Até mesmo do ponto de vista arquitectónico, o Portugal dos Pequenitos é um exemplo paradigmático disso. Temos essa capacidade e estamos a realizar um trabalho sério e próximo das administrações escolares. Sabemos que as administrações escolares têm vários projectos, é evidente e é importante valorizar essa diversidade. Acreditamos que o Portugal dos Pequeninos desempenha um papel essencial nesse contexto. Temos um serviço educativo dedicado a preparar conteúdos permanentes para responder a essa procura. Além disso, estamos a trabalhar num outro espaço importante e temos sentido uma grande atractividade, com vários municípios interessados em estabelecer uma parceria connosco, criando uma relação mais próxima.
[CP]: Foi vereador na Câmara Municipal da Figueira da Foz. Foram tempos bons?
[NG]: Foram tempos muito positivos, sem dúvida. É verdade que fui vereador sob a liderança do Dr. João Ataíde. Naquela época, tive competências delegadas nas finanças, na educação e formação profissional, no sector empresarial local, na saúde e na acção social. Mais tarde, também assumi o pelouro da cultura. Recordo-me dessas experiências com boas memórias. Acredito que devemos dar o nosso melhor em tudo o que fazemos, especialmente quando se trata de lidar com pessoas. Cada experiência tem o seu tempo certo. Eu estava lá no momento certo. E o que devemos fazer é cumprir as funções que ocupamos de forma intensa. Entrego-me às causas em que acredito, agindo com elegância, solenidade, educação e competência, de maneira séria, honrada e honesta. Aqueles que agem com esse espírito saem sempre com a sensação de dever cumprido. Saí com a consciência tranquila, sabendo que fiz tudo o que pude em prol das comunidades.
[CP]: E como foi a experiência em Montemor-o-Velho, onde assumiu funções como Chefe de Gabinete da Presidência?
[NG]: Eu sou suspeito, pois não só trabalhei com o Dr. Emílio Torrão, mas também sou seu amigo. Eu acredito que Montemor passou por uma verdadeira transformação nos últimos anos, tanto em termos físicos quanto materiais. Quem consegue realizar essa transformação está a fazer realmente o que deve, pois, transformar um território é uma tarefa bastante desafiante. Envolve aspectos educacionais, sociais, culturais e a implementação de infra-estruturas, além do dinamismo necessário. Acredito que o Dr. Emílio Torrão possa afirmar com alegria que este projecto transformou o território e deixou uma marca significativa de crescimento e desenvolvimento em Montemor. Foi uma honra, é claro, poder ajudá-lo nessa missão.
[CP]: Foi uma honra trabalhar com Emílio Torrão. Também foi com João Ataíde?
[NG]: Com certeza, todos reconhecem as qualidades do Dr. João Ataíde como presidente da Câmara da Figueira, cargo que ocupou por vários anos. Não há uma semana em que não me lembre dele. Desculpem-me pela emoção, mas além de sermos amigos, há um reconhecimento muito grande da minha parte para com ele. Ele deu-me a oportunidade de colaborar no serviço público. Ele era um humanista, um visionário, um homem de valores e princípios. Ele era um homem de uma categoria infinita. Elegante e dedicado, ele dedicou a sua vida à causa pública, o que é de um valor incrível.
[CP]: Está empenhado neste projecto do Portugal dos Pequenitos, mas exclui regressar à vida política?
[NG]: Vou usar uma expressão que é um lugar comum, “o futuro a Deus pertence”, e é próprio que assim seja. Mas digo isso com honestidade e seriedade: a minha vinda para a Fundação e, mais especificamente, para este projecto do Portugal dos Pequenitos é algo muito sério. Eu empenho-me profundamente nos projectos em que estou envolvido, e encarei este projecto com a seriedade que ele merece.
Entrevista de: Luís Santos/Joana Alvim
Publicada na edição em papel do “Campeão” de quinta-feira, 13 de Julho de 2023