Falar de um amigo é sempre um exercício por onde perpassa a facilidade do conhecimento e a dificuldade do sempre salutar equilíbrio.
O Doutor Faria Costa vai ser homenageado pela sua Faculdade. O percurso e o saber do jurista ímpar, do pensador do Direito, do Mestre de múltiplas gerações de juristas será certamente o centro dessa homenagem. Homenagem que lhe é devida porque é justa e, sendo justa, certamente não esquecerá a perfeição do homem inteiro que é Faria Costa.
Os sortilégios da constituição das turmas não permitiram que tivesse sido seu aluno. Já os percursos de vida que cada um, autónoma e livremente, escolheu fazer, conduziram-nos a alguns percursos em comum.
Encontrámo-nos no exercício da cidadania. E é ao cidadão Faria Costa que dirijo estas palavras.
Ao longo da sua vida, esteve onde entendeu estar, tomando posição, assumindo as suas responsabilidades, assumindo a sua condição de homem livre e, saindo da Universidade para a Cidade, colocou, e coloca, a igualdade imanente à cidadania no centro do seu quotidiano.
Mais importante que cargos ou posições é o desprendimento no seu exercício e o exercício individual de liberdade, sempre afirmado, de querer estar, ou, não estar.
É nessa dimensão de liberdade que, julgo, surge Francisco d’Eulália. Como resposta íntima à pluridimensionalidade da personalidade de Faria Costa.
E é este homem inteiro, agora homenageado, que tem, sempre, uma palavra para os seus amigos e, sobretudo, a capacidade para o exercício fraterno da solidariedade.
Por tudo o que disse, e pelo que se pode intuir, este breve depoimento também poderia ser encimado de outra forma: Faria Costa, um Livre-Pensador.