Conheço bem José de Faria Costa desde que, há 31 anos, se doutorou em Direito pela Universidade de Coimbra com uma tese intitulada “O perigo em Direito penal”. O início da minha carreira jornalística, em 1980, coincidiu com a sua pós-graduação em ciências juridico-criminais.
Da vida pública do eminente jurista e da sua veia literária outras pessoas darão testemunhos bem mais eloquentes do que o meu. Ainda assim, importa reter que ele foi titular da Provedoria de Justiça (2013-17), director da Faculdade de Direito de Coimbra (2005-09) e membro do Conselho Superior de Magistratura (órgão de governo dos juízes).
O relacionamento entre jornalista e universitário, que muito me honrou, começou, no final da última década do anterior século, a pretexto de uma vírgula que foi notícia graças ao inconformismo de Helena Sanches Osório. Segundo a antiga jornalista, uma vírgula introduzida num decreto-lei por um ministro rendeu 120.000 contos (600.000 euros) a um outrora governante.
O carácter, a sabedoria, a frontalidade, o aprumo intelectual e a probidade de José Francisco de Faria Costa – homenageado pela sua Faculdade na sequência da jubilação – são traves-mestras de uma personalidade imorredoura.
As palavras com que correspondo a uma solicitação da direcção editorial deste Jornal dão testemunho do meu apreço pela vida e pela obra de José Francisco.
Nas funções que couberam ao ilustre jurista, graças aos atributos amplamente reconhecidos, ele esteve sempre um degrau acima do que seria razoável esperar do seu desempenho.
Bem-haja, José Francisco, pelo seu exemplo!