O presidente da Fundação ADFP, Jaime Ramos, defendeu a realização, na região de Coimbra, em 2024, do Fórum da Aliança das Civilizações das Nações Unidas, iniciativa que se irá realizar em Portugal no próximo ano.
O médico e antigo presidente da Câmara Municipal de Miranda do Corvo, lembrou que a realização em Portugal da 10.ª edição do fórum internacional bienal, promovido sob a égide da ONU, foi anunciada, em 2022, em Fez (Marrocos), pelo ministro dos Negócios Estrangeiros João Gomes Cravinho.
“Sendo uma organização que tem de ser do Governo e da ONU, uma vez que isto tem estado em silêncio em Portugal e ninguém tem falado desta organização, Coimbra devia assumir que quer que esta organização aconteça em Coimbra”, disse Jaime Ramos.
“E que o Governo não sinta que isto tem de ser necessariamente em Lisboa, ponto um, isto é, pôr em cima da mesa a possibilidade de um evento deste género não ter que, necessariamente, acontecer em Lisboa. E depois dizermos localmente [aos autarcas] ‘vamos tentar exercer alguma influência para que, democraticamente, a decisão do Governo caia para Coimbra”, argumentou.
Segundo o também empresário e empreendedor social, presidente da Fundação que detém, em Miranda do Corvo e entre outras valências, o parque biológico da Serra da Lousã e o Templo Ecuménico Universalista, a Comunidade Intermunicipal (CIM) da Região de Coimbra devia assumir que quer ser a região anfitriã do fórum internacional.
“A partir do momento em que o Governo não tem nenhuma decisão nem começou a organizar isto, ainda está numa fase de que sabe que vai acontecer, mas ainda ninguém deu o pontapé de saída, nós enquanto região devíamos assumir que queríamos ter” a iniciativa em Coimbra, reafirmou.
Jaime Ramos fez um paralelo com a “descentralização” de eventos como o Dia de Portugal defendida pelo Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa.
“O Presidente da República e o primeiro-ministro deram exemplos de que querem descentralizar alguma coisa, como o Dia de Portugal, que foi no Norte e, recentemente, de alguma maneira disseram que o próximo ano seria aqui no Pinhal Interior, na zona de Pedrógão ou Castanheira [de Pêra], por aí. Nós, nessa lógica também de descentralização de eventos, achamos que isto não deve acontecer em Lisboa, obrigatoriamente”, insistiu.
Questionado sobre que contactos fez para levar por diante a ideia de o fórum internacional vir a acontecer na região de Coimbra, Jaime Ramos indicou ter falado com “alguns embaixadores” sobre a iniciativa propriamente dita.
“Não fizemos uma reunião, excepto uma comunicação por escrito ao senhor Presidente da República, ao primeiro-ministro, ao ministro dos Negócios Estrangeiros, ao presidente da CIM, e aos presidentes de todas as câmaras que estão ao redor do templo [Coimbra, Condeixa-a-Nova, Penela, Lousã e Miranda do Corvo]”, explicou.
Jaime Ramos admitiu, no entanto, ainda não ter tido respostas à comunicação escrita enviada.
De acordo com o médico, o Fórum da Aliança das Civilizações começou por ser impulsionado, em meados da década de 2000, pelo antigo primeiro-ministro espanhol José Luís Zapatero, tendo a ideia sido logo acolhida pelo então presidente da Turquia. A partir daí, foi criado um organismo na ONU para esta Aliança, do qual o ex-Presidente da República Jorge Sampaio “foi um dos primeiros líderes” desse processo.
O Fórum da Aliança das Civilizações reúne de dois em dois anos, “por tradição no final do ano”, organizado pelos Governos nacionais e pela ONU, envolvendo perto de duas mil pessoas entre chefes de Estado, governantes, diplomatas e outros participantes.