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Argentina paga dívida em moeda chinesa

6 de Julho 2023

No dia 30 de junho, a Argentina pagou 2,7 mil milhões de dólares (2,47 mil milhões de euros) da sua dívida externa ao Fundo Monetário Internacional (FMI) por meio de direitos especiais de saque (SDRs) e liquidação em RMB (Renminbi, a moeda oficial chinesa, que tem como unidade monetária o yuan). Trata-se do primeiro pagamento de dívida, em moeda chinesa, pela Argentina.

No dia anterior, o Banco Central da Argentina anunciou a inclusão do RMB como moeda acessível ao sistema bancário do país e aprovou a abertura de contas de poupança em RMB pelas instituições financeiras argentinas.

O presidente do Banco Central da Argentina, Miguel Ángel Pesce, disse que, tal como a maioria dos países, a Argentina vê com bons olhos a internacionalização do RMB.

A expansão da cooperação financeira China-Argentina é um reflexo da boa saúde das relações económicas e comerciais bilaterais. Atualmente, a China é um dos parceiros comerciais mais importantes da Argentina. Em 2022, o comércio bilateral entre a China e a Argentina atingiu 21,37 mil milhões de dólares (19,68 mil milhões de euros), ultrapassando pela primeira vez a marca dos 20 mil milhões de dólares. Sob a premissa de respeitar a escolha independente do mercado, o maior uso da liquidação em moeda local pelas empresas chinesas e argentinas no comércio e investimento bilaterais reduzirá os custos e os riscos cambiais e ajudará a melhorar o comércio bilateral.

Qualquer cooperação é mutuamente benéfica, e o mesmo se aplica à cooperação financeira sino-argentina. Para a Argentina, a expansão da utilização do RMB ajudará a resolver os problemas internos mais prementes do país. Nos últimos anos, a Argentina tem enfrentado uma escassez de dólares americanos. No final de 2022, a dívida externa da Argentina situava-se em 276,7 mil milhões de dólares (254,80 mil milhões de euros), mas as suas reservas externas eram de apenas 44,6 mil milhões de dólares (41,07 mil milhões de euros). O recente clima seco teve um impacto significativo nas receitas de exportação agrícola da Argentina, tornando a escassez de dólares ainda mais aguda. O aumento da utilização do renminbi poderia ajudar a Argentina a poupar grandes quantidades de dólares, reduzir significativamente a pressão sobre as reservas de divisas e manter a economia dinâmica.

Para a China, a troca de moeda local com a Argentina também traz benefícios. De acordo com as estatísticas, em abril e maio deste ano, 19% das importações totais da Argentina foram liquidadas em RMB. Espera-se que a Argentina use entre 790 milhões a mil milhões de dólares em RMB para pagar as importações chinesas. No caso da escassez de dólares na Argentina, a utilização do RMB para a liquidação das importações pode proteger as exportações chinesas para a Argentina. A utilização do RMB para o pagamento da dívida pode permitir que a Argentina evite entrar em incumprimento da dívida, mantenha a estabilidade macroeconómica e aumente a confiança do mercado.

Sendo a terceira maior economia da América Latina, a abordagem da Argentina é exemplar. Atualmente, com o Brasil e a Argentina a pressionarem, outros países latino-americanos avançaram com a ideia da “desdolarização”.

Isto reflete o desejo de muitos países em desenvolvimento de diversificar as suas finanças e buscar um caminho de desenvolvimento independente e autónomo. O domínio global e a hegemonia do dólar americano parece que estão a entrar em declínio.

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