O presidente da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, diz recear que a integração do Hospital de Cantanhede no Centro Hospitalar de Coimbra afecte a prestação de cuidados diferenciados num concelho com uma população idosa.
“Há sempre vantagens e desvantagens em todos os modelos. Aquilo que nós levamos daqui é uma preocupação relativamente a que, com essa possível integração, se perca aquilo que são cuidados que são diferenciados”, disse Rui Rocha, este sábado, no final de uma visita ao Hospital de Cantanhede.
Em causa está a possível integração do Hospital Arcebispo João Crisóstomo (HAJC), em Cantanhede, e do Centro de Medicina Física e Reabilitação da Região Centro – Rovisco Pais, na vila da Tocha, no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).
Segundo o líder da Iniciativa Liberal, em alguns casos a “centralização faz sentido, é racional e melhora os cuidados de saúde”.
Contudo, no caso do HAJC, que já conquistou vários prémios na área da saúde, a centralização poderá ser uma medida “cega” e “pouco sensata face à realidade”, já que o concelho tem uma prevalência de população idosa que é muito superior à do resto do país, disse.
Rui Rocha lembrou que ainda não se conhece o modelo de integração, mas referiu que no contacto com as unidades hospitalares do Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem verificado que há uma grande centralização das decisões.
“As decisões são sempre tomadas longe dos utentes, longe das unidades, e muitas vezes não só pela estrutura do Ministério da Saúde, mas sobretudo pelo Ministério das Finanças. Uma saúde que é gerida com base no Ministério das Finanças e não com o conhecimento da realidade, é uma saúde que se presta a ter muitos problemas, porque a rigidez de gestão, a falta de autonomia, das administrações, das unidades de saúde, a falta de capacidade de entender os problemas específicos das unidades de saúde leva depois a decisões erradas”, frisou.
Com base num protocolo assinado em 2007, entre a Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro e o Município de Cantanhede, a autarquia aceitou a substituição do Serviço de Urgências que funcionava durante 24 horas, no HAJC, pela consulta aberta a funcionar no mesmo hospital, entre as 8h00 e as 24h00.
Questionado pela Lusa acerca do encerramento da consulta aberta no HAJC, Rui Rocha defendeu que, considerando a falta de médicos e a falta de uma rede de cuidados de saúde primários a funcionar, todas as soluções são “boas soluções enquanto não há uma solução estrutural”.
De acordo com o líder da Iniciativa Liberal, as alternativas que podem ser soluções pontuais acabam também por ser prejudicadas e, por consequência, as pessoas recorrem às urgências porque é a “única porta que têm aberta”.