O Centro de Artes Visuais (CAV), em Coimbra, inaugura no sábado a exposição “auto & retracto”, num conjunto de mais de 90 fotografias retiradas da sua “riquíssima” colecção que ajudou a dar visibilidade a esta disciplina em Portugal.
No CAV, será possível encontrar fotografias de nomes como Horst P. Horst, Debbie Fleming Caffery, Walker Evans, Weegee, Raymond Pettibon, Lyalya Kuznetsova ou Marianne Mueller, entre outros, numa exposição que se centra na auto-representação e no retracto.
“Os Encontros de Fotografia [dinamizados em Coimbra desde os anos 80 e que deram lugar ao CAV em 2003] tiveram momentos absolutamente únicos, com autores absolutamente referenciais da fotografia do século XX a virem a Portugal e fotografarem em Coimbra e noutros territórios do país. Todo este património encontra-se no CAV e era absolutamente natural ter essa preocupação de dar visibilidade à colecção”, disse à agência Lusa Miguel von Hafe Pérez, responsável pela programação do Centro de Artes Visuais durante os próximos quatro anos.
Para o curador, os Encontros de Fotografia foram uma espécie de “centro irradiador de uma visão internacional da fotografia moderna e contemporânea”, que permitiu dar visibilidade e à fotografia enquanto disciplina artística em Portugal.
Em “auto & retracto”, é possível acompanhar o caminho que a fotografia foi fazendo ao longo do tempo, numa exposição que põe em diálogo artistas nacionais e internacionais e fotógrafos de diferentes períodos.
Ao mesmo tempo, face às encomendas que eram feitas pelos Encontros de Fotografia, é possível encontrar na exposição com 97 obras vários retractos do país, a partir de “um olhar internacional sobre Portugal que, nos anos 80 e 90, ainda era um território por descobrir”, salientou Miguel von Hafe Pérez.
Na exposição, há ainda um “confronto entre imagens com um carácter mais intimista com imagens relativamente públicas, ou imagens muito divergentes, como um retracto do Eusébio ao lado do Samuel Beckett”, referiu.
“Esta possibilidade de trabalhar com imagens também pode motiva a possibilidade de se criarem encontros inusitados, que saltam cronologias e espaços”, realçou o curador.
No entanto, acima de tudo, a exposição mostra “a força que os Encontros de Fotografia tiveram” naquela arte em Portugal.
Também no sábado, é inaugurada a exposição “Interstício”, da artista de Coimbra Inês Moura.
O curador conheceu a artista já depois de ter sido convidado a fazer a programação do CAV, considerando que é importante “marcar a presença de uma artista de Coimbra”.
“Tem uma prática muito ligada à investigação e a um modo de produzir que pressupõe uma imersão na natureza”, explicou Miguel von Hafe Pérez.
A exposição “cresce” a partir de um encontro fortuito que Inês Moura teve com um pedaço de cimento que parece um crânio.
As duas exposições estarão patentes no CAV até 10 de Setembro.