Coimbra  9 de Fevereiro de 2025 | Director: Lino Vinhal

Semanário no Papel - Diário Online

 

Estudo confirma esgotamento dos profissionais de saúde

15 de Junho 2023 Jornal Campeão: Estudo confirma esgotamento dos profissionais de saúde

Um estudo realizado pela GE HealthCare revelou as preocupações e desafios enfrentados pelos médicos e doentes em relação ao actual sistema de cuidados de saúde. O estudo, intitulado “Reimagining Better Health”, envolveu a participação de 5.500 doentes e associações de doentes, juntamente com 2.000 médicos em oito países diferentes, incluindo Alemanha, Brasil, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, Índia, Nova Zelândia e Reino Unido. Além disso, foram realizadas entrevistas qualitativas para obter informações mais aprofundadas.

O estudo destacou várias questões de preocupação compartilhadas por médicos e doentes. Entre elas, a baixa confiança na Inteligência Artificial (IA), a falta de interoperabilidade tecnológica, o esgotamento dos profissionais de saúde e a dificuldade de acesso aos cuidados de saúde foram os desafios mais mencionados.

A GE HealthCare divulgou os resultados do estudo, confirmando que a desconfiança na IA, a falta de integração tecnológica em todo o sistema de saúde, o esgotamento dos profissionais de saúde, a colaboração fragmentada nos cuidados e a dificuldade de acesso aos serviços de saúde são questões problemáticas actuais.

Rui Costa, director-geral da GE HealthCare em Portugal, destacou a importância de ouvir aqueles que estão no centro dos cuidados de saúde e enfatizou a necessidade de união entre todos os envolvidos no sector para superar essas barreiras. O director ressaltou que tornar o sistema de cuidados de saúde mais humano e flexível requer o envolvimento de utentes, profissionais de saúde, líderes do sector e o público em geral.

O estudo também abordou a percepção da IA entre médicos e doentes. Embora a maioria dos médicos entrevistados (61%) acredite que a IA pode apoiar a tomada de decisões clínicas, acelerar as intervenções médicas (54%) e melhorar a eficiência operacional (55%), a desconfiança e o cepticismo em relação à IA foram predominantes em todas as partes interessadas. Apenas 42% dos médicos em geral afirmaram confiar nos dados gerados pela IA, um número ainda menor entre os médicos com mais experiência.

Os doentes expressaram a sua prioridade de ter maior flexibilidade na forma, local e horário em que os serviços de saúde são fornecidos. No entanto, a prestação de cuidados fora do ambiente clínico tradicional gerou desafios. Metade dos médicos (50%) afirmou não se sentir confortável em fornecer cuidados clínicos fora da clínica, enquanto os doentes manifestaram preocupações em relação a novos métodos de prestação de cuidados e não se sentirem à vontade para realizar testes em casa ou fora da clínica sem supervisão.

A baixa interoperabilidade tecnológica em todo o sistema de saúde também foi identificada como um factor que contribui para a desconfiança e a dificuldade de acesso aos cuidados. Apenas pouco mais da metade dos médicos (51%) acredita que as tecnologias médicas se integram perfeitamente e são fáceis de usar.

Além disso, o estudo revelou o esgotamento dos profissionais de saúde, com 42% dos médicos entrevistados considerando abandonar a profissão e 39% declarando não sentir orgulho na carreira. Remuneração inadequada e falta de equilíbrio entre vida profissional e pessoal foram apontados como os principais motivos para a saída do sector de saúde.

Os doentes também sentem os efeitos do esgotamento dos médicos, com 43% afirmando que não se sentem ouvidos pelos profissionais de saúde e menos da metade (42%) relatando empatia por parte dos médicos em relação às suas situações pessoais e como isso afecta seu tratamento.

O estudo “Reimagining Better Health” destaca a necessidade de debate, parcerias e acções entre todas as partes interessadas para alcançar um sistema de cuidados de saúde mais humano e flexível. Os resultados fornecem informações valiosas para orientar as mudanças necessárias no sector de saúde, garantindo que as necessidades dos utentes e dos profissionais de saúde sejam atendidas de forma eficaz.

O estudo envolveu um inquérito quantitativo com 2.000 médicos e 5.500 doentes e defensores dos doentes, além de entrevistas qualitativas com 24 especialistas em cuidados de saúde em oito países de diferentes modelos de cuidados de saúde. A amostra do estudo levou em consideração a diversidade económica, geográfica e representativa dos quatro modelos básicos de cuidados de saúde. O inquérito foi realizado entre Agosto e Outubro de 2022 por uma empresa de estudos de mercado externa.