Eu sei! Quando uma amiga sua chega, feliz, contando que vai casar ou quando você recebe esse tipo de notícia sobre alguém, você sorri por fora e sangra por dentro. Eu sei porque eu passei por essa experiência (desagradável) inúmeras vezes e era essa a sensação que eu tinha. E essa sensação não tem nada a ver com a pessoa em si, mas com a minha frustração por não ter realizado o mesmo em minha vida.
Quando alguém com quem temos proximidade nos conta uma notícia como essa, geralmente, é porque essa pessoa quer compartilhar conosco a sua felicidade e apesar disso parecer óbvio, na cabeça de quem estava para se casar como eu e foi abandonada ou na cabeça de alguém que está vendo o tempo passar e não vê a vida pessoal deslanchar isso soa como afronta. Receber notícias como essas, para nós, é como ser lembrada do quanto fracassamos nessa área, é como esfregar na nossa cara a incapacidade de conseguir ser amada apesar de todos os poréns que cada um de nós carrega.
A intenção da noiva não é essa, obviamente, contudo nossa imaginação e fragilidade realiza, imediatamente, todos esses julgamentos e os nossos medos voltam a nos assombrar: “o que eu continuo fazendo de errado, por que não comigo, por que pra ela, ela não é amaldiçoada como eu…” E esses são alguns dos pensamentos quando conhecemos e gostamos da noiva em questão, do contrário, eles costumam ser ainda mais cruéis porque tendemos a desvalorizar a conquista do outro: ”mas ela nem é tão bonita, como ela conseguiu alguém estando, assim, tão gorda, ele parece gay, ela é tão chata, vai casar com pobre…” Tudo isso para tentar amenizar a dor de não conseguir realizar o próprio sonho.
Quando não sabemos lidar com a vulnerabilidade dos nossos próprios sentimentos sejam eles bons ou ruins, os resultados de nos sentirmos tão frágeis emocionalmente podem nos levar a resultados desastrosos, então, antes de se afundar novamente em lágrimas, tente refletir sobre estes cinco pontos que mantém você onde está agora:
Por que o casamento é importante para você? Validação social, crença ou desejo pessoal? Saiba os seus motivos assim fica fácil não ficar abalada pelos motivos dos outros os quais você desconhece.
Como você já se decepcionou muito é importante usar essas decepções para construir uma base sólida e sábia sobre você e o relacionar-se com o outro. Talvez essa frustração toda seja sentimentos de episódios mal resolvidos do passado que vem à tona a cada nova notícia de “Amiga, vou me casar!”
Certifique-se de que não é competição. Não é sobre quem chega primeiro ao altar mas sobre quem chega melhor acompanhado. Lembre-se que namoro é processo seletivo. Se você seleciona qualquer coisa na tentativa desesperada de não ficar sozinha, a chance de dar errado é grande.
Avalie se você está pronta para uma vida amorosa saudável. O que você aprendeu com as suas últimas experiências? Quais foram os seus erros? Já conseguiu corrigi-los?
Reconheça o que você sentiu e trabalhe imediatamente para não ficar nutrindo sentimentos ruins em seu coração. Eles não vão ajudar você em nada.
Vamos nós desesperar com calma! Cá pra nós, faz sentido?
(*) Formada em Pedagogia e pós-graduada em Educação Matemática pela Universidade mineira Unimontes, Cah Santos, brasileira de origem e aí residente, enxerga na escrita uma possibilidade de reflexão sobre a vida. Utilizando este meio como uma ferramenta poderosa de comunicação ela escreveu dois livros sobre relacionamentos amorosos ‘Meu noivo me largou. E agora?’ e ‘Depois do fim: um caminho para a liberdade’ onde conta experiências pessoais e de conhecidas com o intuito de ajudar mulheres a superarem fins traumáticos, reconhecerem os próprios erros e renascerem para uma nova oportunidade de vida. Atualmente, atua como servidora pública em seu país natal, o Brasil, além de escrever sobre relacionamentos e relações amorosas com estrangeiros abordando, também, temas como a solidão da mulher contemporânea e comportamento social dentro deste contexto. A escritora brasileira Cah Santos, a partir de hoje, passa a colaborar regularmente com o “Campeão das Províncias”. Acompanhe!