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CHUC alerta para perigo da ingestão de pilhas pelas crianças

11 de Junho 2023 Jornal Campeão: CHUC alerta para perigo da ingestão de pilhas pelas crianças

Os estudos mostram que cerca de 12% das crianças que ingerem as pilhas de lítio, tipo moeda, sofrem lesões graves ou fatais.

Na segunda-feira, 12 de Junho, será o “Button Battery Awareness Day”, data criada em 2021 e particularmente importante para se falar de um grave problema de saúde pública, o aumento muito significativo do número e da gravidade dos acidentes causados pela ingestão acidental de pilhas de lítio, tipo moeda, pela população pediátrica em todo o mundo, o mesmo acontecendo em Portugal.

Atento a esta problemática, Ricardo Ferreira, Pediatra e Gastrenterologista Pediátrico, Director do Serviço de Pediatria Médica do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), Presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica da Sociedade Portuguesa de Pediatria e Presidente da Subespecialidade de Gastrenterologia Pediátrica da Ordem dos Médicos, alerta para o assunto, dando conta que este problema “se deve principalmente a dois factores: o uso generalizado dessas pilhas em múltiplos aparelhos de uso pessoal ou doméstico (comandos, calculadoras, relógios, etc) e ao aumento das suas dimensões e carga eléctrica (cerca de 2 cm de diâmetro, enquanto as mais antigas mediam menos de 0,5 cm)”.

Ricardo Ferreira dá conta que “actualmente apenas os brinquedos são legalmente obrigados a ter este tipo de pilhas em compartimentos de difícil acesso, pelo que todos os outros aparelhos não abrangidos por essa legislação representam um perigo real para as crianças”.

“As crianças mais frequentemente envolvidas nestes acidentes têm idade inferior a seis anos (com pico entre um e dois anos) o que faz com que as pilhas maiores habitualmente fiquem retidas no esófago superior”, refere, acresentando que “nessas circunstâncias essas pilhas provocam uma queimadura eléctrica muito rápida e grave, podendo causar a perfuração do esófago num intervalo de apenas duas horas, com consequências graves e por vezes até fatais, dada a proximidade anatómica de estruturas nobres como as vias respiratórias e os vasos sanguíneos de grande calibre”. Os estudos mostram que cerca de 12% das crianças que ingerem este tipo de pilhas sofrem lesões graves ou fatais.

Ricardo Ferreira aproveita a oportunidade desta efeméride para abordar o problema e alertar para “a necessidade de serem tomadas medidas preventivas eficazes, devido à gravidade e ao aumento da incidência deste tipo de acidentes, motivo que levou também as sociedades científicas nacionais e europeias a consideram urgente a divulgação deste grave problema de saúde pública, no sentido de alertar as populações, os profissionais de saúde e as entidades responsáveis para este crescente problema que afecta, de forma grave e eventualmente fatal, as crianças”.