Um livro em formato digital com curiosidades sobre as zonas rochosas entremarés das praias portuguesas vai ser lançado por investigadores de um projecto da Universidade de Coimbra (UC), que visa fortalecer a relação das crianças com o oceano.
Ao longo de dois anos, o “bLueTIDE – Literacia do Oceano para uma Educação Integrada e Dinâmica”, um projecto de educação e comunicação de ciência, percorreu diversas escolas do ensino básico, envolvendo, segundo os promotores, mais de 500 alunos “através de acções de sensibilização, que pretendiam fortalecer a ligação das crianças com o oceano e motivá-las a melhor conhecer e conservar a zona entremarés rochosa”, afirma a UC.
Segundo a Universidade, o livro inclui “curiosidades sobre a zona entremarés rochosa e dicas para uma visita divertida e em segurança” àquela parte da costa, que está sujeita à subida e descida da maré, ficando a descoberto na baixa-mar e submersa quando a maré sobe.
Para além do livro, o projecto, que termina em Agosto, irá também lançar um guia de actividades “para os professores interessados em abordar esta temática, destinado essencialmente ao 1.º ciclo”.
Os investigadores responsáveis pelo “bLueTIDE” – promovido pelo Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) – argumentaram que os alunos das escolas do litoral e com galardão Escola Azul “demonstravam, de uma forma geral, maiores conhecimentos prévios sobre o oceano e, especificamente, sobre a zona entremarés rochosa, assim como uma maior consciência sobre a sua importância para o ser humano, independentemente do local de residência”.
“Porém, o entusiasmo em aprender e realizar as actividades propostas foi idêntico em todas as escolas”, afirma Zara Teixeira, investigadora do MARE.
As acções, que abrangeram 12 estabelecimentos de ensino, “tinham também como objectivo promover a interacção entre escolas e investigadores de ciências do mar, estimular a cooperação entre instituições de ensino com e sem o galardão Escola Azul, mas também fomentar a criatividade, iniciativa e capacidade de comunicação dos alunos”, observou.
Por outro lado, o projecto quis “fortalecer práticas de ensino baseadas em ciências do mar e incentivar a candidatura de novas escolas ao programa Escola Azul”, do Ministério do Mar (Direcção-Geral de Política do Mar).
A investigadora da FCTUC disse ainda que, de uma forma geral, o projecto bLueTIDE “permitiu perceber que tanto professores como alunos valorizam bastante o contacto com investigadores e que a disponibilização de informação científica numa linguagem adaptada e em formatos distintos dos habitualmente utilizados em sala de aula é uma mais-valia para todos”.
“Os alunos ganham maior motivação e interesse e os professores ganham maior confiança ao abordar temáticas distintas e relevantes para o futuro dos seus alunos. Já os investigadores veem o seu trabalho reconhecido e útil para a sociedade”, considerou Zara Teixeira.
O projecto bLueTIDE foi financiado em 25 mil euros pelo fundo EEA Grants (criado pela Islândia, Noruega e Liechtenstein) e liderado pela Incubadora do Mar & Indústria da Figueira da Foz, onde se localiza o laboratório Marefoz da UC.
Contando com a coordenação científica de investigadores do MARE, teve ainda a participação da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, do Instituto Politécnico de Leiria e da Universidade de Évora.