O presidente da Câmara de Coimbra sugeriu à gerência do Instituto Técnico Artístico e Profissional (ITAP), detida pelo Município, que entregasse a sua demissão, após um ano de 238 mil euros de prejuízo e perda de 54% dos alunos.
José Manuel Silva afirmou esta segunda-feira que, após a ausência de qualquer proposta por parte da actual presidência do ITAP para a revitalização daquela escola profissional, sugeriu que apresentasse a sua demissão, o que ainda não aconteceu.
O presidente da Câmara de Coimbra, eleito pela coligação Juntos Somos Coimbra, criticou a actual situação do ITAP, presidida pelo advogado Antero Braga (nomeado pelo anterior Executivo liderado pelo PS), durante a reunião da Edilidade, para a qual estava agendada a discussão e votação das contas daquela escola profissional.
Ainda no período antes da ordem do dia, a vereadora com a pasta da Educação, Ana Cortez Vaz, realçou que a Prodeso, empresa municipal que é proprietária do ITAP, teve um resultado negativo de 238 mil euros em 2022.
Ana Cortez Vaz recordou que o ITAP perdeu 54% dos alunos nos últimos cinco anos, motivado pela diminuição de 5% da população escolar no concelho, a oferta de ensino profissional na grande maioria das escolas públicas e privadas de Coimbra e o facto de aquela escola não ver aprovada a abertura de novos cursos ou valências. De momento, o ITAP tem quatro turmas em funcionamento.
Segundo Ana Cortez Vaz, nos últimos cinco anos houve três com resultados positivos, mas motivados pela alienação patrimonial.
“Efectivamente, a gerência que está à frente do ITAP não tem correspondido às expectativas do Município, tendo por diversas vezes sido interpelada para apresentar aos sócios, em Assembleia-Geral, um novo projecto para o ITAP, e tal nunca aconteceu”, criticou Ana Cortez Vaz.
A vereadora acusou a actual gerência, que entrou em funções em 2021 pela mão do anterior Executivo, de ser “negligente” e de não arranjar soluções para “inverter a actual situação”.
As contas da Prodeso acabaram por não ser votadas, por não estar anexado ao processo o relatório e contas de 2022.
Na mesma reunião do Executivo foram aprovadas as contas de 2022 do iParque, com quatro abstenções do PS.
José Manuel Silva considerou que é necessário “reequacionar o funcionamento” daquela empresa que gere o parque tecnológico de Coimbra e prometeu para breve uma proposta “para um novo olhar” sobre aquela instituição.
A vereadora do PS Regina Bento chamou a atenção para os resultados negativos de mais de meio milhão de euros em 2022 do iParque, questionando o porquê de o Executivo ainda não ter avançado com uma solução, quando já se tinha mostrado preocupado com aquela empresa em 2022, num relatório de contas em que se registou um resultado financeiro negativo de 106 mil euros.
“Os resultados negativos aumentaram cinco vezes. O que justifica passar de um resultado negativo de 100 mil euros para meio milhão de euros?”, perguntou a vereadora socialista.
Na resposta, o vereador com a pasta do empreendedorismo esclareceu que o resultado negativo de 2022 deve-se à ausência da venda de lotes no parque (só foram assinados contratos de promessa de compra e venda para lotes da segunda fase do iParque) e ao reforço do valor reservado para processos com a Autoridade Tributária que ainda estão em aberto.