O Bloco de Esquerda (BE) criticou hoje uma eventual integração dos Hospitais de Cantanhede e Rovisco Pais no “disfuncional” Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) e classificou de “incompreensível” a solução defendida pela tutela.
Numa pergunta enviada ao Ministério da Saúde, subscrita pela deputada Catarina Martins, o Bloco frisou que esta medida é uma “possibilidade apresentada recentemente por um estudo da Direcção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, defendendo que a mesma “não deve ser posta em prática”.
Na pergunta, a força política “levanta dúvidas sobre a eficácia” da integração do Hospital Arcebispo João Crisóstomo (Hospital de Cantanhede) e do Hospital Rovisco Pais (Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro) no CHUC.
O BE considera que a criação do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, iniciada em 2011, “significou uma completa desqualificação/quase inactivação do Hospital dos Covões (antes um Hospital Central com múltiplas especialidades) e do Hospital Sobral Cid (Hospital Psiquiátrico), e a perda de autonomia gestionária no Hospital Pediátrico e nas duas Maternidades de Coimbra, antecedentes que dão razão aos receios e à contestação das populações de Cantanhede”.
Na pergunta, o Bloco de Esquerda questionou o ministro Manuel Pizarro sobre “a razão da fusão” entre os dois Hospitais de Cantanhede e o CHUC, pretendendo saber se a mesma está “fundamentada em estudos técnicos que prevêem ganhos de saúde consideráveis”.
No mesmo texto, entregue no sábado e hoje divulgado, os bloquistas questionam se a transformação dessas unidades em extensões dos serviços de medicina interna e reabilitação têm como objectivo “aliviar a carga da dificuldade de vagas para cuidados continuados na rede”.
O BE quer ainda saber, entre outros pontos, quais os impactos que a eventual fusão terá sobre a actual resposta do Hospital de Cantanhede em áreas como a patologia do sono e ortopedia e se esses doentes serão englobados na lista de espera do CHUC ou se a resposta integrada com os centros de saúde de Cantanhede é para manter.
O BE diz concordar com a posição do Município de Cantanhede (liderado pelo PSD) em alterar o número de camas a reactivar no Internamento de Medicina Interna do Hospital Arcebispo João Crisóstomo “de sete para, no mínimo, 20”, indicou.
Os bloquistas defenderam ainda o reforço da cirurgia de ambulatório nas diferentes especialidades, bem como na consulta externa, hospital de dia e meios complementares de diagnóstico e terapêutica.
Querem ainda o “reforço e revitalização do Hospital Rovisco Pais, enquanto unidade de referência nacional na área da Medicina Física e de Reabilitação”, e destacaram a necessidade de requalificação dos edifícios de ambas as unidades hospitalares.