As investigadoras Raquel Boia, Andreia Pereira, Joana Sacramento e Sara Peixoto são as premiadas das Medalhas de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência 2022, por projectos relacionados com glaucoma, dispositivos cardíacos, diabetes e recuperação de solos.
Raquel Boia (iCBR – Instituto de Investigação Clínica e Biomédica da Universidade de Coimbra), Andreia Pereira (i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto), Joana Sacramento (Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa) e Sara Peixoto (Universidade de Aveiro) vão receber, cada uma, uma bolsa de 15 mil euros, segundo a organização da iniciativa.
Raquel Boia, do iCBR de Coimbra, propõe-se desenvolver uma nova terapia para o glaucoma, actualmente sem cura, recorrendo a um implante intra-ocular capaz de libertar um medicamento que regenere o nervo óptico danificado e permita recuperar a visão.
O glaucoma é uma das principais causas de cegueira irreversível e caracteriza-se pela “perda substancial” de células ganglionares da retina e por danos no nervo óptico, que é constituído pelos prolongamentos destas células, os axónios. É o nervo óptico que transmite a informação visual ao cérebro.
“Na prática vai ser utilizado um implante intra-ocular biodegradável para a libertação de um fármaco que activa o receptor A3 de adenosina que está presente nas células ganglionares da retina e que já sabemos que quando é activado lhes confere protecção”, assinala Raquel Boia, acrescentando que a estratégia vai ser testada em células e animais.
No futuro, se for bem-sucedido, este implante intraocular biodegradável poderá substituir “as múltiplas injecções intravítreas necessárias no tratamento de doenças crónicas da retina”.
As Medalhas de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência são uma iniciativa conjunta da empresa de cosmética L’Oréal Portugal, que financia as bolsas, da Comissão Nacional da Unesco e da Fundação para a Ciência e Tecnologia, que designa o júri que avalia as candidaturas.
As bolsas, atribuídas anualmente a quatro investigadoras de entre 31 e 35 anos, visam “promover a participação das mulheres na ciência, incentivando as mais jovens e promissoras cientistas, em início de carreira, a realizarem estudos avançados na área das ciências, engenharias e tecnologias para a saúde ou para o ambiente”. O júri foi presidido pelo biofísico Alexandre Quintanilha.
Andreia Pereira, investigadora do i3S do Porto, está envolvida num projecto que pretende “estudar o uso de uma fonte de energia alternativa inesgotável, nomeadamente através da transformação da energia mecânica do doente em energia eléctrica para alimentar dispositivos cardíacos electrónicos implantáveis”.
Já a investigadora Joana Sacramento, da Universidade Nova de Lisboa, refere que o seu projecto visa desenvolver um algoritmo que “permita modular selectivamente e em tempo real” a actividade do nervo do seio carotídeo para tratar a diabetes tipo 2, sem afectar outras funções desempenhadas por este órgão, como o controlo dos níveis de oxigénio no sangue.
Sara Peixoto, da Universidade de Aveiro, vai testar em laboratório a aplicação de bio estimulantes em amostras de solos degradados por incêndios florestais e agricultura intensiva e avaliar diferentes parâmetros, como a quantificação de nutrientes, que permitam “confirmar o possível restabelecimento da funcionalidade e vitalidade desses solos”, na presença ou ausência de plantas como o trigo e o pinheiro.