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Semanário no Papel - Diário Online

 

Hernâni Caniço

As características do perfil dos portugueses

5 de Março 2023

A estrutura psicológica dos portugueses, decorrente do seu perfil, contribui para serem assertivos e coerentes, ou para se dilacerarem autofagicamente na sua desvalorização ou menorização, devendo ser avaliados os graus de valorização e estima, quanto às características do seu perfil.

Fazem parte do perfil, ser responsável, empenhado e dedicado; ser tranquilo, ponderado e equilibrado; ter sentido da descoberta, interesse pela inovação e desejo de aventura; ser solidário, ter emoção, ser ou estar apaixonado; ser alegre, divertido, comunicador.

Aprofundemos cada parcela, em valorização (estima, bem-estar) e desvalorização (tendência desoladora, melancólica ou quiçá depressiva).

Ser responsável, empenhado e dedicado, pode ser valorizado pela pessoa, por inerência substantiva do seu perfil, por reconhecer essas características como uma qualidade que desenvolve ou vai desenvolver, ou por exigência e acicate circunstancial do meio em que se insere. Ou pode ser desvalorizado, por ausência de sentido autocrítico da sua pessoa, por considerar despicienda a responsabilidade, pelo seu empenho e dedicação estarem direccionados para outros factores de personalidade, ou por ter características e atitudes de desmotivação, desinteresse e irresponsabilidade.

Ser tranquilo, ponderado e equilibrado, pode ser valorizado e estimado por inerência do pensamento e ato de pensar, sua lógica e psicologia, por necessidade e contraponto aos estímulos stressores que o atingem, ou por constituir um benefício face à sua experiência de vida e conceção individual. Ou pode ser desvalorizado, por incapacidade de assunção desse estado, por ser um prejuízo face à experiência de vida e à sua conceção individual, ou por fazer prevalecer o distress, a irreflexão e os episódios por surtos e instabilidade.

Ter sentido da descoberta, interesse pela inovação e desejo de aventura, pode ser valorizado, por ser motivador e um impulso sem frenação para a pessoa, por ser uma explanação de tensões e pulsões, ou por ser um objetivo criativo e de risco assumido. Ou pode ser desvalorizado, por não ser um motivo de vida, ter uma atitude e preferência de exercício do quotidiano, ter falta de criatividade e moderação permanente, ou constituir um risco e conduta a não prosseguir, por insegura e não comprovadamente eficaz.

Ser solidário, ter emoção, ser ou estar apaixonado, pode ser valorizado, por constituir uma enteléquia (estado de perfeição na realização pessoal), por ser uma conjugação de sentimentos de proximidade, ou por ser gerador de positividade, ambição ou causas. Ou pode ser desvalorizado, por constituir uma desilusão, por ser inatingível ou um estado não procurado, por promoção do egocentrismo, frieza e o facto de “não gostar”, ou por incapacidade de ter dinâmica da relação.

Ser alegre, divertido, comunicador, pode ser valorizado como um estado, uma característica, um objectivo a alcançar, uma atitude que faz sentir bem, ou um espírito estruturado de interacção social. Ou pode ser desvalorizado, por intimismo e timidez, pelo culto da tristeza, aborrecimento e incomunicação, ou desconfiança pelos resultados não esperados.

Analisadas as características do perfil dos portugueses, acreditamos que permanece predominante, o que pode ser valorizado, e desejamos que seja residual, o que pode ser desvalorizado.

(*) Médico