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Movimento “Cidadãos por Coimbra” defende qualidade dos transportes urbanos

27 de Novembro 2022 Jornal Campeão: Movimento “Cidadãos por Coimbra” defende qualidade dos transportes urbanos

A Mesa do Plenário: Carlos Gaivoto; Graça Simões, Teresa Sá e Adelino Gonçalves

 

Jorge Gouveia Monteiro, coordenador do “Cidadãos por Coimbra” (CpC) declara que este movimento tem procurado manter uma linha muito coerente em defesa da qualidade da mobilidade e dos transportes públicos no concelho.

No sábado, dia 26, realizou-se no Exploratório Ciência Viva o Plenário do CpC, cujo tema de fundo foi “Mobilidade Sustentável, Cidade Verde”. Na mesa estiveram Adelino Gonçalves, membro da Direcção do CpC, arquitecto Professor da UC, e Carlos Gaivoto, eng.º e mestre em Sistemas de Transporte. A moderação contou com Graça Simões e Teresa Sá, elementos do CpC.

A abertura dos trabalhos esteve a cargo do coordenador do CpC, Jorge Gouveia Monteiro, que salientou que este movimento tem procurado manter uma linha muito coerente em defesa da qualidade da mobilidade e dos transportes públicos em Coimbra. Salientou ainda que o CpC não quer diabolizar o Metro Mondego, mas que criticará sempre o que houver a criticar. Não temos dúvidas, declarou, que precisamos de melhores transportes, mas no entanto ficamos preocupados quando ouvimos dizer que vamos ter mais deficit por ano.

O primeiro orador foi Adelino Gonçalves que começou por afirmar que é urgente discutir a nossa capacidade de mudar de hábitos e que é urgente criarmos novos hábitos. Acrescentou, no entanto, que esta deve ser também uma preocupação dos líderes e que uma cidade verde não é igual a plantar árvores a metro, mas sim gerir equilibradamente o actual PDM e pôr em prática um paradigma de desenvolvimento sustentável, porque a cidade não pode crescer sem ordem e uma estratégia de mobilidade tem de ser pensada articuladamente. Mas é estranho, disse o orador, que esta cidade vibre com as máquinas que implementam o novo MetroBus, mas simultaneamente uma vereadora fale da morte dos SMTUC. Conclui que devemos desejar uma cidade com transportes totalmente amigos do ambiente e que é urgente repensar como é que a Alta Velocidade pode servir adequadamente Coimbra.

O segundo orador, Carlos Gaivoto, começou por dizer que as cidades são hoje territórios diferentes onde tem de ser articulado um bom sistema de transportes com a justiça social. Deu como exemplos as cidades de Atlanta, Berlim e Hong Kong, cidades mais concentradas, onde o peso dos transportes públicos é significativo. Em Berlim o peso é de 68% e em Hong Kong atinge 93%. Perguntou seguidamente como organizar uma acessibilidade sustentável, defendo que tal só se consegue com bons Planos de Desenvolvimento Urbano (PDU). Referiu também o exemplo de Bordéus que optou pela mobilidade eléctrica, que tem um custo equivalente a 9% do Metro e onde a circulação automóvel é mínima. Mostrando conhecer bem a realidade de Coimbra disse que deu em “águas de bacalhau” o modelo TREM- TREM, que poderia ter sido uma excelente solução para todo o Baixo Mondego e para as ligações à Lousã, Miranda do Corvo, Condeixa, Cantanhede, Soure e outras localidades. Daí que, segundo ele, foi uma má decisão a suspensão do projecto do Metro Mondego, declarando ainda não acreditar que o sistema de MetroBus evite o automóvel na cidade.

O orador referiu depois que em França as agências de Urbanismo são independentes do poder político o que leva a encarar a mobilidade nas cidades em novas perspectivas. E o mesmo acontece noutras grandes cidade europeias onde estão a fazer desaparecer os viadutos para reforçar o Transporte Colectivo (TC) em detrimento do Transporte Individual (TI). Mas, disse o orador, planear a transição para o TC não pode ser feito nos gabinetes como acontece em Portugal, nomeadamente em Coimbra. Hoje todos devemos ter consciência que a diminuição dos gazes com o efeito de estufa e das emissões de CO2, reforça o uso dos TC e os modos suaves e de energia alternativa, permitindo devolver os lugares e as cidades às pessoas. Temos de ter uma menor dependência do TI, a única que permite ser convergente com um paradigma de transição ecológica. Daí que o orador tenha reforçado a urgência das cidades terem os seu PDU que equacionem verdadeiramente os objectivos e as metas para se evoluir duma cidade automóvel para TRANSIT VILLAGE, cidades em que se faça a conciliação do pedestre em articulação com uma estação de trânsito de alta qualidade, como trem ou B.R.T.

O debate estendeu-se depois à plateia, tendo alguns interveniente salientado que o problema de Coimbra reside precisamente nesta falta de planeamento e na incapacidade para ouvir as sugestões críticas dos munícipes. Outros perguntaram se o desenho que está a ser feito da cidade é compatível com a carta da cidade, uma vez que a linha do MetroBus parece ter sido desenhada como se não existissem árvores na cidade. Mau também será que se volta a falar no regresso do viaduto do Choupal. Alguns abatimentos de árvores, já feitos, e outros projectados são crimes ambientais. Foi ainda salientado que falta na cidade uma verdadeira rede de transportes escolares e que Coimbra dever ser uma cidade apelativa e amiga do peão e que é urgente pensar a nova Estação da cidade como uma oportunidade de desenvolvimento de Coimbra.

No final deste debate o movimento concluiu: “Coimbra foi enganada quando lhe disseram que o sistema de TREM-TREM não era viável. Como é que então temos cidades na Alemanha que distam 100 km e estão ligadas? Porque é que tal não seria possível na Região Centro?”.

LEGENDA

Na Mesa do Plenário: Carlos Gaivoto; Graça Simões, Teresa Sá e Adelino Gonçalves