A não atribuição de apoio à Casa da Esquina, em Coimbra, no concurso 2023/2026, põe em causa a continuidade do projecto artístico daquela estrutura, afirma o presidente da associação cultural que tinha apoio sustentado desde 2013.
A Casa da Esquina foi uma das três estruturas que se tinham candidatado ao programa de apoio quadrienal 2023/2026 lançado pela Direcção-Geral das Artes para a área do Cruzamento Disciplinar, Circo e Artes de Rua, e que ficaram sem apoio, apesar de uma pontuação que as tornava elegíveis.
No caso daquela associação cultural sediada em Coimbra, a estrutura recebeu uma nota global de 79,15%, a pouco menos de um ponto percentual da última classificada que irá receber apoio deste programa.
“Não há nenhuma candidatura com pontuação negativa. As pontuações são elevadas e os projectos até valorizados pelo júri. O que parece é que não há orçamento. O orçamento não chegou para a área. É sempre o mesmo problema”, afirmou à agência Lusa o presidente da Casa da Esquina, Ricardo Correia.
O responsável recordou que aquela estrutura recebe apoio continuado desde 2013 e assumiu alguma dificuldade em perceber “como é que durante nove anos é-se apoiado e, de repente, fica-se sem apoio e sem se conseguir compreender o porquê disso”. “Há um corte radical”, notou.
A associação, que tinha um apoio de cerca de 35 mil euros anuais, decidiu avançar com uma candidatura de 120 mil euros anuais (o menor valor candidatado nesta área a par das outras duas estruturas que viram o apoio negado), numa perspetiva de reforço da estrutura e do seu plano de actividades.
“Temos vários projectos de criação pensados, ligados à dramaturgia contemporânea, coproduções com outras estruturas, programação em várias áreas, um pensamento articulado com o território, como a economia social, sempre pensando a Casa como gesto político, com cariz social e pensamento ecológico”, realçou.
Para Ricardo Correia, a não atribuição de apoio “põe em causa a continuidade da criação e programação da Casa da Esquina” e, “sobretudo, a ideia de um projecto para a cidade e para comunidade”.
O presidente da Casa da Esquina afirmou à Lusa que a associação irá agora analisar a decisão, contestá-la e também lutar por um reforço das verbas associadas à cultura.
Para além disso, a Casa da Esquina irá também reunir-se com a Câmara de Coimbra para perceber de que forma o Município poderá apoiar aquela associação, tal como o fez no passado com outras estruturas culturais que se viram sem apoios por parte da Direcção-Geral das Artes.
“Vamos tentar lutar até ao fim. Parafraseando António Costa [primeiro-ministro que, por sua vez, citava o cantor Jorge Palma], enquanto houver estrada para andar, a gente vai continuar”, vincou Ricardo Correia.