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Visita aos banhos judeus no programa do Dia dos Monumentos em Coimbra

13 de Abril 2022 Jornal Campeão: Visita aos banhos judeus no programa do Dia dos Monumentos em Coimbra

A Câmara Municipal de Coimbra (CMC) vai comemorar o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, que se assinala na próxima segunda-feira, dia 18 de Abril.

Este ano subordinado ao tema “Património e Clima”, a programação é gratuita, inclui três visitas e a abertura dos núcleos do Museu Municipal, excepcionalmente à segunda-feira.

A visita guiada “Da Sereia a Santa Cruz” realiza-se a partir da 10h00, com ponto de encontro na Casa Municipal da Cultura (rua Pedro Monteiro), a partir de onde os participantes vão seguir um percurso pelo Jardim da Sereia e Parque de Santa Cruz (Fonte das Nogueiras / Jogo da Pela), seguindo pela Praça da República, Avenida Sá da Bandeira, Mercado Municipal D. Pedro V, Jardim da Manga, terminando na Praça 8 de Maio. A visita tem por objectivo reviver os espaços outrora pertencentes ao Mosteiro de Santa Cruz, a vivência e actividade dos seus Cónegos Regrantes, evidenciando o património deste espaço citadino central, cujo perímetro se revelou de vital importância para Coimbra.

Já no período da tarde, estão agendadas duas visitas, ambas com início às 15h00: A visita guiada sobre o “Mosteiro de Santa Cruz” e a visita acompanhada ao mikveh. A Praça 8 de Maio (junto ao edifício dos Paços do Concelho) é o ponto de partida para a visita que vai levar os participantes até ao Mosteiro de Santa Cruz, cuja temática vai relacionar a casa monástica com a cidade de Coimbra, a sua cultura e a difusão do seu nome no mundo.

O Edifício Chiado é o ponto de encontro para aqueles que adiram à visita acompanhada ao mikveh, estrutura identificada com os banhos judaicos, descoberta em Coimbra no ano de 2013. O mikveh é, pois, de extrema importância para o conhecimento das práticas de purificação dos judeus de Coimbra e poderá, eventualmente, contribuir para a localização da Sinagoga da Judiaria Velha.

Trata-se de um achado de enorme relevância, desde logo, por acrescentar materialidade a uma presença que parece ter-se desvanecido – os vestígios materiais que atestam a presença de judeus no território urbano são praticamente inexistentes. Mas é igualmente relevante pela antiguidade e estado de conservação, devendo remontar a data anterior ao abandono do bairro, por volta de 1370. Trata-se de uma estrutura rara, não se conhecendo, em Portugal, nenhum equipamento deste tipo e cronologia que se encontre preservado.

Todas as iniciativas são de acesso gratuito e sujeitas a inscrição prévia, para um mínimo de seis e um máximo de 25 participantes por visita.

Para adesão às visitas “Da Sereia a Santa Cruz” e “Mosteiro de Santa Cruz”, as inscrições podem ser feitas através do e-mail roteirosdecoimbra@cm-coimbra.pt, do telefone n.º 239702630 e presencialmente, junto da receção da Casa Municipal da Cultura.

As inscrições para a visita acompanhada ao mikveh podem ser feitas para o e-mail museu.municipal@cm-coimbra.pt, através do telefone n.º 239840754 ou junto da recepção do Museu Municipal de Coimbra – Edifício Chiado.

No âmbito desta comemoração, que pretende reconhecer o potencial do património cultural na construção de uma acção climática inclusiva, transformadora e justa, o Museu Municipal de Coimbra vai manter abertos, excepcionalmente, os diferentes núcleos museológicos permitindo ao público aceder gratuitamente ao Edifício Chiado – Colecção Telo de Morais (das 10h00 às 18h00), à Torre de Almedina – Núcleo da Cidade Muralhada (das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00), à Torre de Anto – Núcleo da Guitarra e do Fado de Coimbra (das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00) e ao Edifício da Inquisição – Exposição “Judeus de Coimbra I da tolerância à perseguição I memórias e materialidades” (das 13h00 às 18h00).

O Dia Internacional dos Monumentos e Sítios foi instituído a 18 de Abril de 1982 pelo ICOMOS e aprovado pela UNESCO no ano seguinte. Este ano dedicado ao tema “Património e Clima”, pretende perspetivar as grandes causas da sustentabilidade e da economia circular do ponto de vista do Património Cultural, que tem vindo a sofrer, em maior ou menor grau, os efeitos do aquecimento global, da alteração de ecossistemas envolventes, de situações de seca extrema ou de exposição à subida das águas, mas também reconhecer o seu papel enquanto agente na construção de uma ação climática inclusiva, transformadora e justa.