Em 2012 vivenciei uma experiência fantástica.
A Ucrânia e a Polónia organizaram o campeonato Europeu de Futebol. Tive a felicidade de assistir aos desafios disputados pela nossa selecção, que, como todos se lembram, quase chegou à final.
Os empresários ucranianos quiseram tirar o maior proveito do evento e os preços do alojamento inflaccionaram exponencialmente. Uma noite no aposento mais barato custava de 500 euros para cima.
Apercebendo-se desta especulação, a sociedade civil mobilizou-se e foram milhares os cidadãos anónimos que abriram as portas de suas casas para receber gratuitamente os adeptos de futebol.
Recordo, com especial carinho e amizade, o Nazar, de Lviv, que foi com a mulher e o filho pernoitar a casa dos sogros para que pudéssemos ficar à vontade no seu apartamento, bem como a Viktoria e o Denis, que nos disponibilizaram o melhor da sua casa, em Kharkiv (o meu pensamento está com eles). Recordo também, com especial emoção, que várias pessoas me interpelaram na rua para tirar fotos comigo, tão só porque eu envergava uma camisola da selecção de Portugal, numa clara manifestação de apoio e admiração pelo nosso país.
E é isto: não faltou o apoio e solidariedade de milhares de anónimos ucranianos àqueles desconhecidos que os quiseram visitar. Povo acolhedor.
Se souberam ser solidários em tempo de festa e felicidade, bem merecem agora a nossa solidariedade em tempos de privacidade… slava!
Não ignoro as divergências políticas entre os ucranianos de um lado e de outro do país; também não confundo o povo russo (também ele vítima) com o seu tirano. Contudo, não tenho qualquer dúvida sobre quem é o infame agressor: Vladimir Vladimirovitch.
Jurista, Coimbra