No eclodir de uma guerra que nos desperta para os nossos piores pesadelos, há porventura algo que nos permite olhar o futuro com alguma esperança: a União Europeia desperta de uma longa “anestesia” e assume finalmente uma posição de força em defesa da democracia, da autodeterminação de um País e da liberdade. No fundo, dos valores que também estiveram na génese da criação da Comunidade Europeia. E isso é tão mais surpreendente se percebermos que o faz num contexto de profunda desagregação e divisão interna – algo que o regime de Putin tem fomentado ao longo dos anos, seja por via do apoio ao Brexit, seja através do financiamento de partidos de extrema direita um pouco por toda a Europa (como os nacionalistas populistas Marine Le Pen, Orban ou Salvini) como forma de destruição interna dos pilares das instituições em que se funda a democracia de cada um desses Países, enfraquecendo-os na capacidade de definição de soluções de consenso em torno de ideais comuns.
Este é o momento decisivo para o futuro da União Europeia e da sobrevivência do Estado de Direito Internacional e das economias abertas e plurais em que vivemos. Este é o momento de agir. Esta é a “arma” mais eficaz contra a violência, a guerra e a barbárie que se vive na Ucrânia, e talvez a única forma de parar o movimento imperialista de recuperação da ex-URSS que já está em marcha.
P. S. – E, ainda assim, foi possível 13 Eurodeputados votarem contra a Resolução do Parlamento Europeu de condenação da Rússia pela invasão à Ucrânia. Dois deles são os eurodeputados do PCP. No comments.
(*) Advogado