Um estudo liderado por uma equipa da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Coimbra (ESAC-IPC) demonstrou que em termos nutricionais a beldroega-do-mar é um ingrediente alimentar emergente.
O estudo pretendeu “determinar o perfil mineral, nutricional e a actividade biológica de uma halófita, a beldroega-do-mar (Halimione portulacoides)”, refere a instituição.
No contexto desse estudo, também foi avaliada a possibilidade da utilização das folhas desidratadas e reduzidas a pó, como substituto do sal das cozinhas e intensificador das características sensoriais de alimentos.
A equipa que realizou este estudo é constituída por Aida Moreira da Silva e Maria João Barroca, investigadoras na Unidade de Investigação e Desenvolvimento Química-Física Molecular da Universidade de Coimbra e responsáveis pelo projecto IDEAS4life (IN0995), Arona Pires, bolseira mestre, Sandrine Ressurreição, elemento da equipa e Sílvia Agreira, estudante da licenciatura em Gastronomia,
A análise permitiu concluir que, “em termos nutricionais, a beldroega-do-mar pode ser considerada uma boa fonte de fibra, de proteína e de lipídios, apresentando uma maior concentração destes nutrientes do que nalgumas espécies de Salicórnia adequadas para consumo humano, sendo consideradas alimentos funcionais promissores”, afirma o estudo.
Além disso, na beldroega-do-mar colhida pela equipa nas marinhas de sal da Figueira da Foz, foi encontrada uma alta concentração de minerais naturais: o sódio, o potássio, o cálcio, o magnésio, o cobre e o fósforo. Quanto ao manganês, embora tenha sido detectada uma baixa concentração deste mineral, a equipa apurou que a ingestão de 100 g de folhas frescas fornece 74% da dose diária recomendada para adultos.
O extrato das folhas de H. portulacoides apresentou também alto teor de compostos fenólicos e maior teor em flavonóides, quando comparado a outras halófitas como a Ipomoea pes-caprae, conhecido popularmente como salsa-da-praia ou pé-de-cabra. Neste extrato foi ainda identificada uma actividade antioxidante superior a extratos de outras espécies halófitas, do género Suaeda.
As folhas desidratadas de H. portulacoides revelaram o potencial da planta para ser utilizada como substituto do sal e uma boa alternativa enquanto intensificador das características sensoriais dos produtos, proporcionando simultaneamente benefícios à saúde dos consumidores. Este novo ingrediente, testado em dois alimentos modelo, a massa fresca e a manteiga, obtiveram uma boa avaliação sensorial.
Os resultados do estudo estão publicados no artigo intitulado “Sea Purslane as an Emerging Food Crop: Nutritional and Biological Studies”, recentemente publicado pela editora MDPI e acessível em https://www.mdpi.com/1244720.