O Museu Municipal Santos Rocha, na Figueira da Foz, acolhe a 10.ª edição do projecto “Diálogos”, da Umbigo, uma Revista portuguesa de arte e cultura contemporâneas sediada em Lisboa e com 19 anos de edição.
De acordo com o Município, “o projecto resulta de um convite a um artista para trabalhar um museu ou o espólio e as reservas desse museu”. Esta iniciativa iniciou-se no Museu Nacional de História Natural e da Ciência, a cargo do artista Pedro Sequeira. Já o penúltimo – o Diálogo #9 – decorreu no Museu Nacional de Arqueologia, a cargo de Carolina Serrano.
Para o Diálogo #10 foi convidado o artista Nuno Sousa Vieira, tendo recaído a sua escolha pessoal no Museu Municipal Santos Rocha, “uma forma também de descentralizar o campo de acção da revista e dar a conhecer outros equipamentos fora de Lisboa, fazendo um mapeamento mais vasto de museus não só nacionais, mas também municipais ou regionais”, disse a autarquia figueirense.
Numa visita prévia ao Museu, o artista focou a sua atenção na colecção de arqueologia, estabelecendo depois um diálogo com as estruturas e os dispositivos museográficos desenvolvidos pelo arquitecto Fernando Lanhas e a forma assumida, mas ao mesmo tempo discreta com que os desenhou, procurando um equilíbrio entre a expressão das vitrines e os objectos expostos.
No artigo explicativo do trabalho de Sousa Viera, José Pardal Pina considera que “o artista propôs uma interacção entre o desenho e a arquitectura gizados por Lanhas e as peças de cerâmica fenícia instaladas na vitrine e da obra permite atender o jogo cromático concebido pelo artista, estimulando novos modos de percepção entre o que está mediado pelo azul e o que não está”.
Sousa Viera “recorreu à teoria das cores para estudar novas formas de mediação do espaço e com os objectos, a sobreposição do azul e do laranja da terracota da cerâmica resulta no cinza neutro. Essa sobreposição reduz os objectos à sua silhueta e à sua forma”.
A Revista Umbigo e o artigo explicativo Diálogos #10, assinado por José Pardal Pina, foram disponibilizados aos leitores no final de 2020 e o trabalho final de Nuno Sousa Vieira pode já ser apreciado na Sala de Arqueologia do Museu Municipal, até ao final de Outubro do corrente ano.