Há uma certa tradição em Coimbra de dizer mal da cidade e de referir que por aqui faltam valores. Trata-se de um certo modo de ver (mal) as coisas, porque se olharmos pelo ângulo positivo há muito a realçar.
Os de fora vêm cá para ver Coimbra, para apreciar os encantos, e os que se formam cá vão mundo fora, têm êxito e levam longe o nome da cidade.
Vem isto a propósito de Nuno Peixinho, astrofísico da Universidade de Coimbra e do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), que tem agora um asteroide com o seu nome.
A homenagem partiu do Grupo de Trabalho para a Nomenclatura de Pequenos Corpos (WGSBN) da União Astronómica Internacional (IAU) e o asteroide, anteriormente designado por (40210) 1998 SL56, passou a designar-se (40210) Peixinho.
Para Nuno Peixinho, que trabalha na caracterização física e química de pequenos corpos do Sistema Solar, ter um asteroide com o seu nome é uma sensação difícil de descrever. Evidentemente que se sente, como o universo, infinitamente honrado por este reconhecimento do seu trabalho como astrofísico.
O investigador faz questão de agradecer a distinção não só à Universidade de Coimbra, que o acolhe, como às universidades do Porto, Lisboa, Granada, Hawaii e Antofagasta, assim como ao Observatório de Paris, instituições por onde passou ao longo da sua carreira.
O (40210) Peixinho é o tipo de asteroide que, se viesse em direcção à Terra, poderia causar um evento de extinção em massa. Devido ao potencial perigo, o investigador do polo da Universidade de Coimbra do IA foi logo verificar qual era a sua órbita para ver se era um asteroide classificado como potencialmente perigoso, mas não é! E remata com imenso sentido de humor: «Daqui a cem milhões de anos ainda deve andar mais ou menos pelo mesmo sítio, mas não sei se conseguirei convencer o meu avô disso».
Ai como Coimbra precisa de apreciar o que tem!