Coimbra  13 de Junho de 2025 | Director: Lino Vinhal

Semanário no Papel - Diário Online

 

Américo Baptista dos Santos

Dia do Antigo Estudante de Coimbra: Ponto de vista para proposta de unidade (IX)

25 de Junho 2021

Só agora nos é possível continuar a parte VII, pelas razões conhecidas de quem nos dá o agrado de ir acompanhando estas crónicas.

Dizíamos então que o espaço cedido à Associação Académica de Coimbra no Colégio Paulista era um rés do chão desengraçado, sombrio, de chão em cimento, que legitimava o desejo de assaltar o encimado Clube dos Lentes. Legitimidade que advinha também do facto de, antes disso, terem convivido na Academia Dramática de Coimbra, antepassado próxima da Associação Académica.

Tal como aconteceria mais de 40 anos depois, em circunstâncias que trataremos na altura própria e para o que vamos contar com o precioso contributo dos atuais dirigentes. É que, também naquela altura, as instalações eram más e exíguas e aos estudantes foram dadas as alternativas do Centro Académico de Democracia Cristã – C.A.D.C e da Associação Cristã dos Estudantes, hoje A.C.M, na Rua Alexandre Herculano. Estamos no primeiro caso em 1912 e no segundo em 1918. Eis os antecedentes da Tomada da Bastilha em 25 de Novembro de 1920. Como se vê (e curiosamente) também então foi a exiguidade das instalações em acomodar a Tuna, o Orfeão e as restantes atividades que, por um lado obrigavam à fuga para o C.D.A.C e para A.C.E e por outro o rebentar das costuras e o consequente mau estar.

A Associação propôs à Universidade a ocupação de todo o Colégio Paulista, havendo referências que os mais reivindicativos o que queriam, de facto, era uma nova sede de raiz para a A.A.C.

Apesar de estarmos em tempo de guerra, Sidónio Pais concedeu uma verba de cem contos em Julho de 1918 para serem aplicados na nova sede e no Campo de Santa Cruz. A inacção da Universidade levou a um enorme descontentamento estudantil. Estavam criadas as condições para o golpe, tanto mais que ele já estava na forja e a fornalha mais ficou em brasa quando a comunicação social veio denunciar a paragem do dinheiro no banco, na conta da Universidade.

Não estamos ainda em condições de abalançar com alguns dados que nos chegaram porque vêm acompanhados de muitas dúvidas, as quais estamos tentando esclarecer. Seria um enorme atrevimento da nossa parte dar a lume contributos, que apesar de muito generosos, quando acompanhados com o pedido das fontes, pecam por vagueza, competindo-nos evitar imprecisões, que seriam contrárias à nossa proposta da máxima precisão possível.

E esse questionar leva-nos a não mais que uma tese, no puro sentido hegueliano. Por enquanto, mais no seio das convicções do que nas certezas. Paulatinamente iremos apurando, quanto nos seja possível, na direcção do aperfeiçoamento até chegarmos à conformidade humanamente possível em termos de exactidão e rigor com critérios de boa fé. Se formos eliminando, com o contributo de todos, as várias contradições do percurso, podemos não chegar à verdade mas conseguiremos, pelo menos, o acordo a pensamentos fundamentados. Que é como quem diz ao humanamente praticável. O povo diz que quem conta um conto aumenta-lhe um ponto. Está a parecer-me que sim.

(*) Ex-Presidente da AAEC