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Agricultores do Baixo Mondego exigem ser ressarcidos por prejuízos das cheias

3 de Novembro 2020

Uma delegação de agricultores da Associação Distrital dos Agricultores de Coimbra – ADACO reuniu-se, recentemente, com o Administrador da Região Hidrográfica do Centro, a quem expôs os problemas do sector, apresentando medidas para evitar situações iguais às que se viveram nas cheiras de 2019.

Os agricultores defenderam que o Governo deve ressarcir os proprietários dos campos danificados pelas cheias de Dezembro de 2019.

“Deverá ser o Governo, através da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), o responsável pelo pagamento dos prejuízos causados nas culturas dos agricultores pela invasão da água e inertes, provenientes do rebentamento do rio e diques, nas cheias de 2019, uma vez que é sua a responsabilidade de manutenção desta estrutura”, afirma a ADACO em comunicado.

Antes dessas inundações no território atravessado pelo Mondego, tinham sido “retirados cerca 800 000 metros cúbicos de areia de montante para jusante do Açude de Coimbra, quando a capacidade do rio em caudais sólidos por ano, em Coimbra, é de 295 000 metros cúbicos”, segundo a Associação.

“Com esta enorme mobilização de inertes, que foram novamente depositados no leito do rio a jusante do Açude de Coimbra, a APA provocou um desequilíbrio dinâmico no leito do Mondego, contribuindo decisivamente para o descontrole da capacidade de encaixe da água, acelerando o processo que deu origem às cheias”, refere.

Para a ADACO, “esta mobilização obriga, inevitavelmente e com o máximo de urgência, a um desassoreamento do rio Mondego a montante do dique construído em Formoselha”, na freguesia de Santo Varão, concelho de Montemor-o-Velho.

“O açude [reforçado após as cheias] existente a montante da ponte de Formoselha devia ser removido de modo a permitir que as areias depositadas no rio Mondego fluíssem sem obstáculos, de forma natural”, preconiza a organização, associada da CNA.

Na sua opinião, é também “urgente a reposição das comportas na ligação da vala de Pereira ao rio Mondego”, na margem esquerda, entre Pereira e a ponte de Formoselha.

Destinadas a “controlar o retorno do fluxo de água do leito de cheia para a margem esquerda”, zona habitacional, essas comportas “desapareceram há vários anos e ainda não foram repostas”.

“Existe já previsão para a execução desta obra?”, questionam os agricultores.

Estas e outras reclamações foram, ontem (02), divulgadas pela ADACO na sequência da reunião com Nuno Bravo, administrador da Região Hidrográfica do Centro, organismo adstrito à APA.

Por outro lado, a barragem de Girabolhos, no concelho de Seia, distrito da Guarda, “onde segundo a comunicação social já foram investidos 60 milhões de euros”, é uma obra “importante para gerir o caudal” do Mondego que “tem de avançar”, salienta.

“Quem monitoriza os caudais e cotas da barragem da Aguieira? Há que aumentar as margens de segurança da barragem da Aguieira, para que não se repitam as tragédias das cheias de 2001, 2016 e 2019”, exige a associação, coordenada por Isménio Oliveira.