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Luís Santos

Ângulo Inverso: Pagar pelo que é gratuito

30 de Outubro 2020

A vacinação contra a gripe é considerada essencial, para grupos de risco e idosos, e ainda mais importante neste tempo de pandemia do novo corona vírus, para que menos pessoas acorram aos serviços de saúde e dada a coincidência de sintomas com o covid-19.

É considerada tão importante a vacinação da gripe que o Serviço Nacional de Saúde a tornou gratuita e é administrada em todos os Centros de Saúde do país. Mas a vacina está também disponível nas farmácias para quem não quiser ter o incomodo de ir ao Centro de Saúde e tiver posses para a pagar.

Acontece que surgiu uma iniciativa que colocou as Câmaras Municipais a pagar as vacinas às farmácias para as pessoas que aí a querem tomar, em vez de irem aos Centros de Saúde, onde seria gratuito.

De tal forma a “moda” pegou que são “diabolizadas” os Municípios (como o de Coimbra) que entendem que não se deve pagar o que é gratuito e já suportado pelo Sistema Nacional de Saúde (SNS).

A administração da vacina custa até 2,25 euros por picadela e neste novo “negócio” das Farmácias e da associação Dignitude, feito com o Ministério da Saúde, todos saem a ganhar, incluindo as Câmaras que podem assim ter notícias a dizer que “contribuem (pagando) para evitar a sobrecarga das estruturas públicas de saúde” e “ampliar a resposta aos beneficiários”.

A operação ‘Vacinação SNS Local’ conta com o apoio das Câmaras Municipais e com o fundo de emergência “Abem: Covid-19”, da associação Dignitude, que “vão facilitar na gestão de beneficiários, assim como o acesso à vacina por parte dos cidadãos mais carenciados”, conforme se apregoa.

Há aqui qualquer coisa que nos escapa, ao se encaminhar as pessoas para sítios onde se paga, quando nos Centros de Saúde é gratuito (pagamos todos nós através do SNS).