O facto de ser membro de um partido e defender uma ideologia solidária identificada como socialista, não me vincula a qualquer seguidismo acrítico, como também não me inibe de criticar o endeusamento de um movimento dito independente, agora esboroado e desmascarado (afinal dependente), identificando-se com outro partido, com jogo de cintura em palavras e futura coligação com o PSD em actos.
O seguidismo não é meu apanágio, como tenho demonstrado ao caracterizar bajuladores e dependentes, existentes em todos os partidos, forças políticas e interpartidárias, bem como na sociedade hierarquizada e promissora de prebendas, demarcando-me de tais figuras, abrangentes na conveniência pessoal, reverentes na atitude, vulgo personagens de opereta tipo “feijão frade”.
Como exemplo de verdadeira independência e defesa do interesse público, sendo socialista, cito a posição que sistematicamente expresso em defesa do Hospital Geral Central dos Covões e da construção de nova Maternidade / Centro de Apoio Perinatal no seu perímetro, sendo revitalizadas as condições técnicas que têm vindo a ser desmanteladas, posição contestada inclusive por alguns membros do Partido Socialista (não necessariamente socialistas), a par do PSD.
Os partidos políticos têm qualidades e defeitos (não se pode viver sem eles nem devem ser proibidos como no tempo da ditadura que combatemos), mas não podem ser uma amálgama de interesses individuais (em que as ideias não sejam apanágio de qualidade de vida para todos) e não têm o exclusivo da criatividade, da inovação e da generosidade.
Infelizmente, muitas vezes, os movimentos políticos independentes ou ditos independentes (que agem politicamente, embora deem mostras de enjoo e ar de escárnio perante os partidos políticos), são criados para manter o status quo qual privilégio insustentável, para manifestação de sobranceria interpares ou externamente, ou para carreira pessoal (des)profissionalizada, e não para reagir ao imobilismo, coligir o que está bem, corrigir o que está errado, aperfeiçoar o que pode ser melhor, promover o que é útil.
Reduzir uma força política a um apêndice de um partido de Direita ou, se preferirmos, a uma f(r)ação do mesmo, na pretensão (ainda que legítima) de somar votos que concedam o poder pelo poder, poderá ser apelativo para quem tenha o ego inflamado ou quem acredite nos “glutões”, mas não é crível (mais cedo ou mais tarde) para quem aja de boa-fé em democracia participativa (elogiável).
Mas duvido que o eleitor (porque são precisos devotos e votos a favor) caia na “canção do bandido” desse movimento, acreditando que está mal tudo o que foi feito, se não foi deveria ser feito e se foi feito antes não fosse (pelos outros), e sonhe que virá aí o D. Sebastião no seu cavalo alazão, para fazer o que não é viável ou não se sabe bem o quê.
E certamente, fomos Coimbra, não é socialista, não é chuva nem é vento, será parcela de ideário que não bate assim, foi uma nuvem passageira que não contribuiu nem será responsável pela promoção da igualdade e equidade em direitos humanos e pela concretização do desenvolvimento sustentável em Coimbra.
(*) Médico e deputado do PS na Assembleia Municipal de Coimbra