Coimbra  22 de Maio de 2025 | Director: Lino Vinhal

Semanário no Papel - Diário Online

 

António Barreiros

O Sr. Reitor do Seminário de Coimbra

16 de Outubro 2020

Já me tinham dito que o novo Reitor e o Reitor novo, do Seminário Maior de Coimbra, o Pe. Nuno M. Santos, tinha garra, dinamismo, áurea espiritual e carregava trouxa para inovar e criar uma nova dinâmica para essa Casa grande e grande Casa da Cidade, ajustada a este tempo, o do séc. XXI e o da pandemia. A vista, da maioria dos cantos do Seminário, para o Mondego, é soberba. “O Baloiço” – tema para outro texto – uma ideia de mestre, das ideias…

Por razão de uma reunião com essa figura da Igreja Diocesana de Coimbra, convocada pelo amigo Jorge Pedro, por causa de uma Organização de Médicos, os de Catástrofe Internacional, de que ele é o responsável pela Delegação de Coimbra, lá nos deslocámos ao Seminário.

Está um estaleiro, porque o Pe. Nuno, com determinada acção, decidiu pôr mão a uma obra reclamada vai para mais de 20 anos, ou seja, a de realizar obras de conservação e de renovação/requalificação do edifício que guarda história(s) com mais de 250 anos. Uma dor de cabeça, tal a grandiosidade do projectado e do valor envolvido, cerca de 4,5 milhões de euros. Mas o Nuno não vacila e acredita. Como é homem de fé, sabe subir à Montanha.

A conversa foi num ambiente acolhedor, propiciado pelo anfitrião. Foi franca e directa. O Reitor do Seminário privilegia essa verbalização, assim como não se perde em corredores e não se toma de tempos – inúteis – para andar de chapéu estendido para ficar em favores com os homens que se espreguiçam na política. Os políticos, os que se escondem nas cadeiras dos seus cargos para se mostrarem poderosos. Para, postados nos seus Gabinetes, exercitarem o “beijão mão”… e se tentarem fazer grandes (já lá vamos a estes, aos grandes…).

Nuno Santos aguarda, como o Bispo da Diocese, já vai para 2 anos – já não há pachorra para aturar estes nossos políticos que só tratam do que lhes convêm – que o Seminário Maior de Coimbra receba a classificação de “Monumento Nacional”. Se já o fora, tivera a benesse de, agora, se conseguirem fundos para as monstruosas obras, de fundo, de que está a ser alvo.

Mas, e se o Presidente da Câmara do Concelho, fosse mais atento e mais dado a deixar cair as teias da burocracia, pudera que o Seminário obtivesse verbas comunitárias (a “basuca” que aí vem daria…)para o conjunto de obras que o estão a reabilitar. Mas Coimbra, e na frase caricatural do nosso interlocutor, é uma Cidade pequena com alguma gente grande… Coimbra, digo-o eu, perdeu-se com esta gente pequena a tentar fazer figura de grande…

Surpreendeu-me um padre jovem, com uma responsabilidade no regaço e nas suas funções – é Reitor, para além de abarcar o Secretariado da Pastoral das Vocações e o Secretariado da Pastoral da Família – que não se perde com tempos “mortos” ou na troca de galhardetes que, e espremidos, não trazem sumos para a vida.

Agitar a vida do Seminário é, também, abanar a Cidade. Mas os poderes de Coimbra não se identificam com o dinamismo actual da Igreja de Cristo e do seu principal Pastor, o Papa Francisco. Um Papa lúcido, interventor, sintonizado com os problemas sociais, interessado em valorizar a dignidade humana e apostado em ser Fraterno como o clama na sua recente Encíclica “Frateli Tutti”… Servir é, e acima de tudo, saber ser e estar na vida com esta postura.

O Pe. Nuno Santos pode identificar-se pelo que decidiu incluir na página primeira do site do Seminário, com a qual vos deixo, para ler:

O Seminário Maior de Coimbra tem muito gosto em acolher e receber todos. Nesta casa podes descansar e fazer uma ‘pausa’ urbana; podes rezar e sentir o silêncio; podes celebrar a eucaristia e o sacramento da reconciliação; podes contemplar a natureza e entrar em bibliotecas cheias de espiritualidade; podes deixar-te tocar pela arte e pela música; podes visitar 250 anos de história. Nesta casa podes sobretudo reencontrar a serenidade interior, descobrir a tua vocação, reforçar o sentido mais pleno para a tua vida e ser elevado pelo sagrado – que nos habita desde sempre.

Ganha coragem e bate à porta, toca a campainha, telefona-nos, ou manda um e-mail…

Vim com o coração cheio desse encontro e acabei interpelado a, um destes dias, cumprir uma visita a um futuro Monumento Nacional que tarda a receber essa classificação e que faria brilhar a nossa Coimbra.