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UF de Coimbra aposta na economia circular para ajudar famílias carenciadas

15 de Outubro 2020 Jornal Campeão: UF de Coimbra aposta na economia circular para ajudar famílias carenciadas

José Madeira, da AHRESP Coimbra; João Francisco Campos, presidente da UF de Coimbra; e Ricardo Carvalho, da empresa Sh Code, apresentaram o projecto “Alimente a partilha”

 

A União de Freguesias de Coimbra (UFC) apresentou, hoje, um projecto inovador de economia circular social, que visa reduzir o desperdício e, simultaneamente, ajudar os restaurantes com as refeições sobrantes, doando-as a famílias carenciadas da freguesia.

O projecto “Alimente a partilha” foi pensado ainda antes da pandemia, mas a covid-19 obrigou a repensar alguns pormenores, contudo, o objectivo sempre foi o mesmo: ajudar quem mais precisa, contribuindo para um mundo com menos desperdício.

A UF de Coimbra comprou, então à empresa SH Code, a plataforma que gere todo o processo e que permite “eliminar intermediários” entre quem mais tem e quem mais precisa. Os restaurantes aderentes ao projecto utilizam a plataforma para divulgar as refeições excedentes que têm e as famílias sinalizadas pela UF de Coimbra – e que rondam as 175 – recebem um sms para que possam ir, directamente, buscar a sua refeição ao dito restaurante.

“As famílias são contactadas dependendo da sua proximidade ao restaurante com excedente, do número de membros do seu agregado familiar ou do período em que estiveram sem receber este donativo”, explicou João Francisco Campos, presidente daquela autarquia local, admitindo que, nesta fase de arranque possam apenas existir 20 a 30 refeições doadas por dia (almoço e jantar) e, por isso, garantindo que as restantes famílias continuarão a ser apoiadas como têm vindo a acontecer até hoje, quer pela UF, quer pelas instituições que ali existem.

“Esta iniciativa trata-se de um complemento aos apoios que já existem e que vão continuar a existir neste União de Freguesias”, sublinhou.

Em parceria com a AHRESP – Associação da hotelaria, restauração e similares de Portugal, que agilizou o processo junto dos restaurantes, a UF de Coimbra vê neste programa mais uma das suas “iniciativas sociais que ajudam a freguesia e os seus cidadãos”, adiantou o presidente da UF.

José Madeira, representante da AHRESP na delegação de Coimbra, sublinhou a importância de se ter chegado a um entendimento entre todas as partes, referindo que o próprio sector da restauração está a passar por “dificuldades históricas”, tendo por isso agradecido aos que disseram ‘sim’ a este desafio e de “contribuírem para a cidade e para quem mais precisa, apesar dos problemas que têm”.

Esta é, por isso, uma plataforma sempre dinâmica, na qual podem entrar e sair restaurantes quando assim o entenderem. Arranca agora com cerca de oito estabelecimentos de restauração, a par do Banco Alimentar, da Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra (APBC), do Jazz ao Centro e da Refood, esta última que terá um papel preponderante para quando as famílias, por alguma razão, não puderem ir buscar a sua refeição. Nesse caso, a Refood – que de momento não tem ainda uma cozinha onde possa armazenar comida – vai buscar a refeição e entregar numa instituição.

Ricardo Carvalho, da empresa Sh Code, explicou que a aplicação surgiu pela percepção do “desperdício alimentar e da quantidade de recursos que não se usam e que acabam por ser nocivos para a sociedade”, referindo ainda que, em Portugal, sobram cerca de 50 000 doses diárias de refeições.

“O desafio é tentar reduzir o desperdício – se possível até ao zero – e reaproveitar”, aproveitando, enquanto isso para “ajudar os restaurantes a acabar com o desperdício e ajudar as famílias que mais necessitam”. A grande vantagem, perante a pandemia, é a “eliminação de intermediários, logo de maiores riscos e focos de contágio”. Esta plataforma privilegia “a proximidade, o contacto directo, entre quem dá e quem recebe”, notou.

O papel da União de Freguesias é controlar o processo, ou seja, adiciona ou retira restaurantes e famílias; o restaurante tem a possibilidade de adicionar diariamente as doses que lhe sobram (e outras informações pertinentes); e as famílias têm acesso a essa informação para depois levantarem no restaurante.

A UF irá, entretanto, entregar a cada restaurante aderente um recipiente para o devido transporte e acondicionamento das refeições.