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Agricultores do Baixo Mondego exigem apoio do Estado para prejuízos de 300 000 euros

2 de Outubro 2020

Danos em mais de 100 hectares de milho, obras insuficientes após as cheias e a retirada de areia do rio Mondego são algumas das queixas dos agricultores do Baixo Mondego, que exigem o apoio do Governo, solicitando audiências à DRAP e à APA.

Com prejuízos que rondam os 300 000 euros, numa extensão de mais de 100 hectares de milho, e sem comparticipação dos seguros, as dezenas de proprietários afectados solicitam a rápida intervenção do Estado.

Os estragos nos campos de milho de grão e silagem, propriedade de dezenas de agricultores, são consequência do mau tempo ocorrido em meados de Setembro (dias 18,19 e 20), em que se verificaram fortes rajadas de vento, originando a queda de milho que não pode ser recuperado.

“Os seguros não pagam porque numa exploração agrícola tem que haver um prejuízo no mínimo de 30 por cento da área, além dos ventos terem que ter uma velocidade mínima de 70 quilómetros por hora”, refere a ADACO – Associação Distrital dos Agricultores de Coimbra.

Esta entidade revela, ainda, que “a maioria das vezes os agricultores afectados só se apercebem do prejuízo vários dias depois, sendo difícil quantificar o dia certo quando os temporais duram mais que um dia, e as companhias de seguro ao analisarem a velocidade dos ventos se verificarem que a velocidade é inferior a 70 km/hora, não pagam”.

Assim, a Associação de agricultores considera que “devia ser possível fazer seguros individuais ou colectivos, em que os prejuízos deviam ser pagos no valor total afectado a partir de um euro de prejuízos”.

Para além disso, acrescenta que “o Governo tem que tomar medidas no sentido de apoiar estes agricultores afectados”, pelo que a ADACO irá solicitar uma reunião com carácter de urgência à Direcção Regional de Agricultura do Centro (DRAPC).

Ainda devido a prejuízos, estes decorrentes das cheias de Dezembro de 2019, a ADACO exige, igualmente, a reposição das estruturas danificadas, notando que “as obras feitas são insuficientes pois têm um nível de terra inferior ao que estava antes de o dique rebentar, no leito periférico direito do Rio Mondego junto a Montemor-o-Velho”.

“Da forma que está a estrutura, quando vierem os temporais, corre-se mais uma vez o risco de desmoronamento da estrutura neste local. Enquanto é tempo, é urgente que seja reposta a estrutura, no mínimo como estava antes, sendo certo que o exigido é que fique mais resistente”.

A retirada de toneladas de areia toneladas do rio Mondego – responsabilidade da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) -, a montante da ponte de Santa Clara, depositando-as depois a jusante desta mesma ponte entre Coimbra e Montemor-o-Velho, é outro dos problemas com que os agricultores se têm deparado, já que tal operação “originou que nestas zonas o rio ficasse com pouca capacidade de armazenamento de água, o que contribuiu em muito para que

as cheias atingissem a dimensão que tiveram, e causar os imensos prejuízos que conhecemos na agricultura e infraestruturas”.

“Continua tudo na mesma e essa quantidade imensa de areia não foi retirada pela APA onde a mandou depositar, ou seja, estão criadas as condições para que quando começar a chover abundantemente, tenhamos novas cheias e milhares de euros em prejuízos”, refere a ADACO, revelando ainda que, nesse sentido, vai também solicitar uma audiência à delegação de Coimbra da APA, realçando que, noutras ocasiões de contacto, a Agência “nem se dignou a responder”.