Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
Ao Magnífico Reitor da Universidade de Coimbra,
Aos Membros do Conselho Geral,
Enquanto docentes da Universidade de Coimbra, vimos por este meio exprimir uma crítica veemente à decisão do Conselho de Veteranos no sentido da manutenção das atividades de praxe no presente ano letivo.
Num contexto de crescente risco sanitário e de extrema exigência e rigor colocados nas medidas de regresso às atividades presenciais de toda a comunidade académica, foi solicitado a docentes, funcionários/as não docentes e estudantes um esforço e sacrifício acrescidos, que estamos a desenvolver com espírito de missão e no sentido da manutenção da qualidade de ensino/aprendizagem que uma instituição como a Universidade de Coimbra requer. Muitos/as de nós se colocam ou estarão, inclusivamente, em situações de risco. Da mesma maneira, a própria reitoria e as direções de Faculdades realizaram esforços significativos para que o ano letivo possa decorrer com a normalidade possível.
Por estas razões, a decisão de um grupo de estudantes sem qualquer representatividade democrática ou institucional de manter atividades que, pelo seu próprio cariz, nomeadamente suscitando entusiasmos que contrariam as regras e os conselhos das autoridades sanitárias, criam injustificadamente fortes situações de risco, parece-nos merecer das autoridades universitárias uma posição firme de distanciamento, incluindo, desejavelmente, uma solicitação de anulação das mesmas atividades em qualquer lugar, na linha, aliás, do que aconteceu com as autoridades de outras instituições universitárias em contexto pandémico, nomeadamente a Universidade de Lisboa.
Tal como afirmou o Ministro do Ensino Superior, em carta dirigida a todas as IES, cabe às instituições universitárias dar o exemplo de civismo que se exige a todos/as os/as cidadãos/ãs relativamente à contenção da pandemia. Ao colocar-se perante esta exigência sem a veemência necessária, a UC tem surgido na comunicação social, no âmbito nacional, de uma forma pouco positiva. De facto, não surpreende que quer a comunidade universitária, quer a comunidade local, quer o país, estranhem, por um lado, os sacrifícios que lhes são exigidos e, por outro lado, a permissividade em relação a atividades de alto risco, como a praxe, cuja realização não se reveste de nenhuma utilidade e poderá acarretar enormes danos, podendo até pôr em causa o decorrer do ano letivo, prejudicando docentes, estudantes, famílias e a cidade.
Apelamos, pois, a V. Exas. no sentido da adoção de posições de maior firmeza que impeçam a realização de praxes no período da pandemia.
Os/as abaixo-assinados/as:
Adriana Bebiano
Anabela Fernandes
Ana Machado
António Campar
António Sousa Ribeiro
Carlos Camponez
Catarina Isabel Martins
Clara Keating
Claudia Ascher
Cornelia Plag
Cristina Martins
Diogo Ferrer
Fátima Velez de Castro
Frederico Lourenço
Graça Capinha
Graça Rio-Torto
Inês Amaral
Isabel Pereira
Isabel Santos
Jacinta Matos
José Bernardes
João Maria André
Judite Carecho
Leontina Ventura
Lúcio Cunha
Luísa Portocarrero
Luísa Trindade
Manuel Portela
Maria Beatriz Marques
Maria da Conceição Lopes
Maria de Lurdes Craveiro
Maria do Rosário Morujão
Maria Isabel Caldeira
Maria João Silveirinha
Maria João Simões
Maria José Canelo
Norberto Santos
Paulo Nossa
Raquel Vilaça
Rita Marnoto
Rosário Ferreira
Rosário Mariano
Rui Bebiano
Rui Ferreira
Rute Soares