O presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Manuel Machado, ladeado pelo reitor da Universidade, Amílcar Falcão, e o presidente da AAC, Daniel Azenha
A Universidade de Coimbra (UC), a Câmara Municipal e a Associação Académica de Coimbra (AAC) estão unidas em dar as boas-vindas aos estudantes do ensino superior, transmitindo-lhes a garantia de que esta é uma cidade segura, mas que vai necessitar do empenho de todos para que assim continue.
O apelo ao bom-senso e à responsabilidade de cada um neste regresso dos estudantes do ensino superior a Coimbra foi o ponto central do encontro entre a UC, a autarquia e a AAC, que quiseram articular-se para que o regresso de milhares de jovens corra dentro da normalidade possível e que esse facto não seja prejudicial à própria cidade.
O presidente do Município, Manuel Machado, frisou que “estão a ser tomadas medidas para minimizar o risco de contágio”, apelando “à participação cívica de todos para que tudo corra bem neste início de aulas e que os cidadãos continuem a participar na vida da cidade”.
O edil quis, ainda, congratular a Universidade e o seu reitor pelo facto de decidirem pelas aulas presenciais e por poderem articular medidas, de forma a reduzir o risco de propagação da covid-19. Impõe-se, apelou o autarca, a auto-protecção de cada um e a protecção dos outros para que as aulas possam ser presenciais e “o ensino tenha a melhor qualidade para formar cidadãos”, para que “Coimbra seja de facto uma lição”.
Entre outros assuntos, os dois líderes debateram a questão dos transportes públicos, tendo sido assegurado pela Câmara Municipal de que, para além de todas as medidas obrigatórias e inerentes a estes transportes (nomeadamente a desinfecção e o limite de lotação), também as carreiras e os horários serão reforçados em articulação com a Universidade. Ainda neste âmbito, o Município quer incentivar o uso dos transportes públicos, mantendo assim o valor do passe em 15 euros.
Questionado sobre o horário dos estabelecimentos comerciais, Manuel Machado afirmou que os mesmos são aqueles que estão definidos por lei e, se porventura, “ocorrer algum incidente”, o autarca garante que estão prontos para “tomar as devidas providências”.
O reitor Amílcar Falcão sublinhou a necessidade de se retomarem as aulas presenciais, de uma “forma responsável” e tendo a instituição preparado este regresso “da melhor forma possível”.
“A Universidade de Coimbra é um dos locais mais seguros, com um complexo sistema de protecção e rastreio [a instituição faz cerca de 100 testes por dia a pessoas aleatórias], que permitem ter todas as condições para que estudantes e profissionais se sintam seguros”. Entre as medidas adoptadas está a medição de temperatura na entrada de todos os edifícios, circuitos unidireccionais ou uma rede informatizada que permitirá, rapidamente, “identificar quem está infectado e quais foram os contactos dessa pessoa”.
Amílcar Falcão frisou, contudo, a importância de os estudantes estarem conscientes da sua responsabilidade, apelando a que “permaneçam em Coimbra o máximo de tempo possível e evitem uma mobilidade constante, usufruindo do que a cidade, que é segura, tem para oferecer”. “As deslocações são más quando os estudantes vão a casa, porque podem transportar o vírus para a sua família, mas também são más quando regressam a Coimbra, podendo já vir infectados”, notou.
Quando questionado sobre as medidas a tomar se existir um surto no seio da comunidade académica, o reitor explicou que serão aplicadas as do Plano de Contingência, até porque a UC está a “trabalhar em bolhas”. Assim, ocorrendo algum caso (ou casos), de imediato são contactas as autoridades de saúde e, dependendo da sua dimensão, “podem vir a ser condicionadas salas, um curso ou até um edifício, mas dificilmente fechará toda a Universidade”, esclareceu.
A instituição está preparada para que os “alunos entrem, tenham aulas e saiam. Não há sequer espaços físicos para outras actividades”. Amílcar Falcão alertou, também à contenção dos comportamentos da comunidade académica fora do perímetro da UC.
Recordando que “a universidade é também marcadamente internacional”, o reitor salientou que esta continuará, este ano, a ser frequentada por “muitos estudantes internacionais” e que, simultaneamente, terá cerca de dois terços do total dos seus alunos deslocados (oriundos dos mais diferentes países e de todo o território continental e das ilhas).
“O ensino presencial é fundamental para um ensino de qualidade”, disse Amílcar Falcão, sustentando que “é o futuro dos jovens, portanto, que está em causa”.
Daniel Azenha, presidente da Direcção-Geral da AAC, afirmou ser “essencial que os estudantes regressem a Coimbra e ao contexto de sala de aula, de forma a terem acesso ao melhor ensino possível”, apelando ao bom-senso e responsabilidade dos alunos “em nome da liberdade da educação”.
As matrículas dos novos estudantes vão decorrer, este ano, presencialmente no Estádio Universitário (mas podendo, igualmente, ser realizadas online), onde estarão as secções da AAC para que os “caloiros” as possam conhecer, contudo, os futuros alunos entrarão apenas acompanhados por elementos da AAC e da UC.
Quanto à recepção aos novos alunos, no Estádio Universitário, também o reitor deixou claro que haverá “tolerância zero”, acreditando que “não haverá qualquer tipo de excesso nem dentro, nem fora da Universidade”.
Recorde-se que a AAC cancelou a Queima das Fitas de Maio, tendo adiado a festa académica para Outubro e, assim, juntando-a à recepção aos novos estudantes – a designada Latada – mas, recentemente, também adiou todas as festividades para o próximo ano.