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Somos Coimbra quer impedir bipolarização do país entre Lisboa e Porto

11 de Setembro 2020 Jornal Campeão: Somos Coimbra quer impedir bipolarização do país entre Lisboa e Porto

O movimento de cidadãos Somos Coimbra quer impedir a bipolarização do país entre Lisboa e Porto, tendo apresentado, esta sexta-feira (11), publicamente um “ambicioso” documento estratégico com 35 propostas de políticas de desenvolvimento.

José Manuel Silva, vereador do movimento, disse que o Somos Coimbra analisou a “Visão Estratégica para a Recuperação Económica de Portugal 20-30”, elaborada pelo consultor governamental António Costa Silva e criticou o autor, acusando-o de esquecer Coimbra.

“No essencial, a ‘Visão Costa Silva’ esquece Coimbra, o que não admira, pois os sucessivos governos da Câmara reduziram Coimbra a um irrelevante 65.º lugar nacional na produção de bens para exportação”, afirmou José Manuel Silva.

“É preciso inverter esta situação e, com os concelhos vizinhos, impedir a actual tendência para bipolarizar Portugal nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto”, argumentou.

Esta força política considera que “Coimbra precisa readquirir a sua posição central na região, sendo para isso essencial uma aposta firme em políticas de desenvolvimento e investimentos públicos e privados que permitam contrariar as tendências de perda populacional e envelhecimento e assim alavancar as mudanças necessárias à sua afirmação nas escalas nacional e global”.

As medidas propostas pelo Somos Coimbra passam pelos sectores da reindustrialização e criação de emprego, do turismo, da ciência e tecnologia, da saúde e bem-estar, da mobilidade e dos transportes, da educação, da cultura e da qualidade de vida dos conimbricenses.

José Manuel Silva, no decorrer da apresentação, destacou algumas das 35 propostas:

– criação de um Conselho Estratégico para o Desenvolvimento de Coimbra, envolvendo “as instituições do concelho, e incluindo personalidades de reconhecido mérito e visibilidade nacional e internacional”. O novo Conselho deverá elaborar “com a possível brevidade” um Plano de Recuperação Económica e Social com o horizonte em 2030;

– Reconversão industrial, ou reindustrialização, que se afigura fulcral para o desenvolvimento económico e social e para a criação de emprego;

– Necessidade de definir uma estratégia para a actividade económica em Coimbra, que deverá passar pela engenharia informática, pelas bioindústrias e indústrias de saúde, e pela economia do ambiente, criando oportunidades de emprego, de modo não só a manter os jovens mais talentosos da região como a atrair jovens de outras regiões;

– Alargar e requalificar as zonas industriais, nomeadamente de Taveiro, mas também Eiras e Souselas;

– Relançar o iParque, em colaboração com o Instituto Pedro Nunes, mediante investimentos que privilegiem os jovens empresários na ocupação dos espaços;

– Combater a lentidão dos processos de licenciamento. Tornar os procedimentos menos burocráticos, mais rápidos e mais eficazes;

– Criação de um Conselho Municipal de Turismo, envolvendo todos os parceiros deste sector, designadamente a Universidade, que apresente um “Plano Municipal e Regional de Turismo” para a década 20-30;

– A transição digital, em que Coimbra tem competências únicas, deve ser um dos eixos essenciais da estratégia de desenvolvimento de qualquer cidade;

– Coimbra deve afirmar-se como pilar do Serviço Nacional de Saúde (SNS), com a concretização de investimentos essenciais no Centro Hospitalar e Universitário (CHUC), em particular a indispensável construção da nova maternidade e o desenvolvimento, com a necessária reconversão e valorização do Hospital dos Covões;

– Definir Coimbra como o centro nacional da Geriatria e Gerontologia, aproveitando a capacidade já instalada com o Ageing@Coimbra e o Multidisciplinary Institute for Ageing;

– Ampliação da estação velha, com eventual relocalização, construindo uma grande e funcional estação multimodal de Coimbra que acomode todos os meios de transporte e que esteja devidamente preparada para o comboio de alta velocidade;

– Planear e construir em Coimbra, em conjunto com empresários, um espaço de dimensões adequadas para grandes Feiras, Exposições e Congressos;

– Procurar e aplicar um plano de recuperação urbana da Baixa e da Alta de Coimbra. Relevante para a revivificação da Baixa será a criação aí, em parceria com a Universidade, de uma residência universitária e de uma sala de estudo, aberta 24 horas por dia;

– Dar autonomia de gestão à estrutura do Convento de São Francisco, permitindo a melhor organização de encontros e eventos culturais e a rendibilização dos equipamentos;

– Transferir a Penitenciária de Coimbra para fora do perímetro urbano, para o local já reservado no Plano Director Municipal, com utilização do histórico edifício, devidamente adaptado e ampliado por um projecto arquitectónico ambicioso, para fins de cultura, educação e lazer;

– Em parceria com a Universidade, e no quadro do reforço da marca Coimbra – Património Mundial da Humanidade, avançar com a segunda fase do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, num moderno projecto museológico;

– No mesmo quadro, valorizar a rua da Sofia, recuperando e abrindo os antigos colégios;

– Desenvolver uma ampla zona de aproveitamento do Mondego para fins recreativos e turísticos, incluindo um complexo de piscinas ao ar livre com ampliação da mini-piscina do Mondego, restaurantes, bares e espaços para eventos, em plano acima do leito de cheia, de modo que os cidadãos possam usufruir do rio.

O documento com todas as medidas propostas pelo Movimento pode ser consultado no website do Somos Coimbra.