Prevista para ter início hoje, a 31.ª da Poiartes teve de ser cancelada devido à pandemia de covid-19. Apesar do contratempo, o Município de Vila Nova de Poiares não ficou parado e a lamentar a falta de um dos eventos mais importantes do ano para o concelho e, como tal, delineou uma estratégia que ajudasse a mitigar os efeitos da pandemia e do consequente cancelamento da Poiartes 2020.
Assim, a aposta naquilo que este território tem de melhor foi clara para o Executivo que investiu forte na promoção do seu património, em particular, do natural.
Sendo a Poiartes o maior evento anual do concelho, com uma importância social e económica ímpar para Vila Nova de Poiares, a Câmara Municipal não quis deixar de marcar a data em que se realizaria o certame.
“A Poiartes é o maior evento do concelho, que requer sempre grande investimento, ajudando a promover a marca Poiares, os seus produtos endógenos e que atrai sempre milhares de visitantes”, afirma João Miguel Henriques, salientado, por isso, a necessidade de ser recordada simbolicamente.
“A Poiartes foi cancelada, como evento físico, mas não quisemos deixar de assinalar a data e daquele que é, sem dúvida, o evento mais importante do ano em Vila Nova de Poiares, e que, ano após ano, tem trazido milhares de pessoas ao nosso concelho”.
Assim, durante estes dias em que estava prevista a sua realização, a autarquia vai apresentar, nas suas páginas nas redes sociais, registos vídeos e fotográficos dos últimos 30 anos do evento. No fundo, trata-se de um balanço destas três décadas e como o certame tem evoluído e crescido, sem comprometer as medidas em vigor e “evitando ao máximo aglomerados de pessoas”.
Este é um trabalho que permitirá “dar a conhecer o que existe no concelho e mostrar a essência da Poiartes – que passa muito pelo artesanato local”, refere o autarca, notando que “a iniciativa está viva e, embora, não se possa realizar este ano, no próximo com certeza será ainda melhor”.
A Mostra Nacional de Artesanato, Mostra de Gastronomia, Mostra de Caprinicultura – Mostra Agrícola, Comercial e Industrial – ou apenas Poiartes – tem “crescido imenso nos últimos anos e é já uma referência, uma marca no concelho e um grande orgulho para os poiarenses”, sublinha João Miguel Henriques, considerando que os durante os dias de certame, os cidadãos “trabalham nele com muito empenho”.
De todo o país vêm visitantes, muitos já conhecedores do que ali podem encontrar e que, nas últimas edições tem ultrapassado as cerca de 50 000 entradas no recinto.
A ideia da Poiartes, e que a autarquia pretende que se mantenha este ano, é a de que o concelho possa impressionar de tal forma os visitantes que estes venham “conhecê-lo durante todo o ano”.
Perante a inevitabilidade do cancelamento do evento, o investimento destinado à Poiartes foi, então, canalizado, na íntegra para quem mais dele necessitava. “A nossa prioridade é o apoio às famílias e as instituições mais afectadas bem como ao sector empresarial local”, disse o edil, aquando do cancelamento do certame, referindo agora que têm mantido contactos directos com os cidadãos, empresários e IPSSs, no sentido de “mitigar os prejuízos causados pela pandemia”.
Uma das medidas adoptadas pelo Município para auxiliar o comércio local do concelho passou pela criação de um serviço de consultadoria de imagem e de adaptação do negócio às vendas online, de forma personalizada para o pequeno comércio, uma iniciativa em parceria com a Associação Empresarial de Poiares (AEP). Ainda neste âmbito, a autarquia foi incentivando às compras no comércio local, apoiando igualmente os comerciantes com a distribuição de material de protecção individual.
“Poiares tem sobrevivido com muito esforço e vontade de todos os poiarenses, empresários, etc.; pessoas resilientes e que têm procurado lutar contra as circunstâncias, até porque este é um concelho empregador, quer de cidadãos de Poiares como dos municípios vizinhos”, realça João Miguel Henriques.
Não tendo possibilidades de realizar a Poiartes, e ficando sem a dinâmica e as receitas que estes dias de certame provocariam, o Município de Vila Nova de Poiares decidiu virar o foco para o que o poderia potenciar: os seus recursos naturais.
Assim, durante os últimos meses, tem vindo a promover uma série de actividades desportivas e de lazer que têm cativado a atenção dos turistas e “alimentado” o concelho de outra forma.
“Temos procurado fazer a nossa parte e temos conseguido”, diz João Miguel Henriques, notando que o Executivo soube “interpretar a vontade das pessoas este ano, que procuraram fugir de grandes centros e fazer coisas diferentes”.
Aproveitaram, por isso, o que a natureza deu a este concelho, potenciaram esses recursos, promoveram-nos e estão a conseguir “superar as expectativas”.
Do alojamento à restauração “tem havido um aumento da procura da oferta turística de Poiares; as pessoas estão a gostar, passam a palavra e isso é muito bom”, sublinhou o edil.
Assim, Poiares apostou em projectos como a “Rota Estrada Nacional 2”, os percursos pedestres e de BTT; a criação de uma zona de escalada ou as sempre agradáveis Piscinas da Fraga.
“Temos tentado compensar a falta da Poiartes com outras iniciativas e a estratégia está a resultar”, nota o presidente da Câmara, garantindo que o Executivo está já a trabalhar para “encontrar alternativas de atracção para depois da época de Verão, de forma a que a economia não caia abruptamente e se entre numa outra crise”.
Reinventar-se é, por isso, a palavra de ordem no concelho que é, também, a “capital universal da chanfana” e que vai sempre “procurar alternativas para trazer pessoas ao seu território e continuar a gerar riqueza”.