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Semanário no Papel - Diário Online

 

Carlos Costa Almeida

Movimento pela Saúde em Coimbra e na Região Centro

8 de Setembro 2020

O membros deste Movimento não têm, e não querem ter, divisões internas de carácter político, por cada um ter o seu partido ou não ter nenhum; antes estão todos unidos por um desígnio comum, que é a autonomia para o Hospital dos Covões e a manutenção das suas funções como Hospital Geral Central. O que, aliás, corresponde à Petição pública feita e apresentada à Assembleia da República, e que aguarda votação. Porque querem que Coimbra mantenha os seus dois Hospitais Gerais Centrais, em complementaridade e em alternativa um ao outro.

Que isso é fundamental para a Saúde em Coimbra e na Região Centro, como tem sido ao longo dos últimos 40 anos, com vinda para Coimbra de profissionais de saúde, formandos, alunos, investigadores, escolas, cursos, doentes, tudo isso fazendo a cidade crescer em capacidade e notoriedade na área da Saúde e do Ensino da Saúde, e também em população, fixando muita gente dessa área e as suas famílias na cidade e seu termo, não há dúvida nenhuma. Tecnicamente não há dúvida. Portanto, o problema disso não ser feito é apenas político. E é pelos políticos que terá de ser resolvido.

É, pois, muito importante saber o que os políticos e os diversos partidos e forças políticas pensam do assunto. Para começar, os de Coimbra e os que representam a cidade, por terem sido cá eleitos.

Há aqueles que querem o mesmo que este Movimento e, na verdade, integram este Movimento. E há os que que querem que o Hospital dos Covões venha a ser qualquer coisa, desde que não seja um Hospital Geral Central. Um hospital geriátrico, um centro de consultas com cirurgia em ambulatório, enfim, qualquer coisa, que justifique dizer que não se quer a sua extinção. Quando essa “qualquer coisa” significa mesmo a sua extinção enquanto Hospital Geral Central, de que Coimbra e a Região tanto precisam.

Há, assim, contrariamente e este Movimento, quem ache que Coimbra, em termos de hospitais gerais públicos precisa só dum, o HUC e mais nenhum. Claro, sem esquecer a sua complementaridade e a alternativa em hospitais privados, franchisings de marcas de hospitais conhecidas… Em sintonia, aliás, com o Conselho de Administração do CHUC, que diz que até ao fim do ano vai pensar num destino a dar ao Hospital dos Covões… Qualquer coisa se há-de arranjar… desde que feche como Hospital Geral Central e deixe os outros sozinhos!

São dois desígnios diferentes, antagónicos. Cada um tem de os assumir. É óbvio que é um problema político, de política de Saúde. Há quem queira manter Coimbra grande nessa área, depois de ter sido tornada grande há 40 anos, e há quem a queira desclassificar, diminuir, tirando-lhe um Hospital Geral Central, de referência, querido por tanta gente que lá foi tratada e ensinada e lá trabalhou, e deixando-a com apenas um, assoberbado e por isso limitado, com a alternativa e complementaridade de hospitais privados; como se estes pudessem, na verdade, substituir o outro!

Será Coimbra a decidir? Não sei… Mas que é um problema político que Coimbra e a Região Centro têm, é.

(*) Médico cirurgião e professor da Faculdade de Medicina